sexta-feira, fevereiro 26, 2021

As Ruas que podiam ser "Bairros" e as Gentes que adoram "fabricar intrigas"...


Quando vivemos num lugar relativamente tranquilo, o modo de vida acaba por se assemelhar aos dos bairros onde crescemos. Eu pelo menos sinto isso, não só pelo papel social desempenhado pela mercearia (mesmo em pandemia, há quem vá lá apenas comprar um quilo de farinha, para ver gente ou ficar a par de alguma novidade...), mas também pelas pessoas que nos tratam por vizinho (curiosamente nenhuma delas vive no meu prédio...) e nos oferecem um bom dia e um boa tarde com um sorriso e uma ou outra palavra de circunstância.

Se formos bons observadores deste quotidiano, percebemos quem se interessa mais pela vida dos outros (ao ponto de quase a querer viver...), como é um caso de uma mulher que mora no outro lado da minha rua e que fala de forma a que todos a ouçam, num raio de cem metros. Embora ela pareça ter um "alforge de histórias" (o que poderia ser bom para a ficção e até para o blogue...), evito-a sempre que posso porque todas as vezes que trocou mais que duas palavras comigo, foi para dizer mal de alguém, com o dedo bem apontado. E isso é algo que me faz logo, dar um passo para o lado.

O que eu faço, faz a maior parte das pessoas da nossa rua. Só mesmo quem está sedento de novidades (embora estas tragam quase sempre o "cheiro" da mentira e da dúvida...) é que lhe oferece dois dedos de conversa.

Lá estou eu a "estender o lençol"... Só queria falar do "espírito pidesco" que existe em cada um de nós (e que devíamos tentar controlar sempre, em nome da liberdade individual de cada um de nós...) e que é mais evidente em algumas pessoas, como é o caso desta vizinha, que tem tudo o que os "informadores" da PIDE possuíam, pois soma ao gosto de "bufar", uma grande vontade de fantasiar a vida dos outros.

Foi por isso que sorri só para mim, quando me preparava para entrar em casa e vi-a a dirigir-se para a estrada, assim que viu um carro da PSP a aproximar-se. Os agentes como já a deviam conhecer de "ginjeira", limitaram-se a acenar e seguiram viagem sem parar... Porque felizmente as nossas polícias de hoje, por muitos defeitos que tenham, não perdem tempo com "fabricantes de intrigas"...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


10 comentários:

  1. Ruas muito habitadas são assim.
    Aqui, na rua "do lá vai um" não se passa nada!

    Abraço

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Pois é, o silêncio também é cansativo, Rosa. :)

      Eliminar
  2. Eu moro num bairro assim, pequeno onde toda a gente sabe parte da vida um dos outros!
    Mas o que gosto mesmo é de estar na minha casa e no meu quintal com vista para o mar!

    Beijinho e bom fim de semana!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Eu sempre fui mais "observador" (deve ser por isso que escrevo...), Micaela.

      Mas tudo pode ser um "palco", até as ruas...

      Eliminar
  3. Eu vivo num prédio em que é só bom dia e boa tarde.....
    Mas também, sinceramente, não há aqui ninguém com quem me interesse falar.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Os prédios normalmente funcionam assim, e se forem de casas alugadas pior, Maria.

      No meu tenho alguma intimidade com apenas dois moradores, porque estamos aqui há mais de trinta anos e são boas pessoas.

      Eliminar
    2. Eu tenho dois Alojamentos Locais no condomínio..
      ..

      Eliminar
  4. Mas a "cultura do vizinho" também tem benefícios.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sem dúvida, em caso de necessidade, pode ser a primeira porta a bater, Severino. :)

      Eliminar
  5. Este blogue, ou melhor, este Luís Eme é um verdadeiro e fantástico artista na fotografia; eu fico fascinado com a beleza das mesmas, sinceramente.

    ResponderEliminar