«Outra coisa quase do arco da velha, era
a mulher que aparecia por ali ao dia sete de cada mês, munida de uma bola de
cristal, que colocava em cima de uma mesa, que trazia no interior da sua Ford Transit
creme, juntamente com uma poltrona, que lhe dava um ar de rainha de qualquer
coisa.
Ninguém ficava indiferente à toalha que
usava, que tinha um desenho que lembrava as velhas cruzadas, com guerreiros a travarem
lutas com demónios de tamanhos e figuras dignos de qualquer casa de terror. E
por ali ficava a senhora, à espera de clientes, com a bênção da árvore mais
famosa da localidade, com a conivência das autoridades, que evitam meter-se com
tudo aquilo que as pessoas diziam ser do outro mundo.
A par da sua bola, também vendia cremes,
chás e pulseiras, que curavam dezenas de maleitas e afastavam os olhares maus.
Embora o Alentejo não fosse muito
bafejado por milagres, nem estivesse pejado de crentes, havia muito gente que
passava por ali, ao dia sete.»
A fotografia é de Ann Mansolino.
Ótimos textos!
ResponderEliminarabraço
Olá Meg.
Eliminarabraço
Pois, há sempre gente a esperar milagres.
ResponderEliminarUm abraço
sempre, Elvira...
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