«A primeira vez que a
vi, estranhei encontrar tanta solidão numa mulher bonita. Achei estranho ver
uma mulher, que não devia ter mais de quarenta anos, sozinha. Esquecido que
nós, homens, preferimos muitas vezes enfrentar um tigre a uma mulher com
garras.
Foi quando me foi
apresentada pelo Nicolau, com uma história que fiquei a saber que fazia parte do anedotário da
vila. Todos falavam dela como a Bela "corta pichas”, embora só tenha usado uma vez,
uma pequena lâmina de barbear num desses pedaços de carne, que julgava ser
apenas seu.
O sentimento de posse é
terrível.
Muitos homens troçavam
dela, nas suas costas, fingindo que estava longe de ser uma história
glorificante para os homens.
O mais curioso é que
apesar de ter sido a Bela, quem fez sangue pela sua honra, deixou de ter
pretendentes. Somos uns cobardes, só assim se percebe que tenhamos medo da sua
beleza selvagem. Ou da lâmina, como referiu Nicolau, com um sorriso brejeiro.»
A fotografia é de Maciek Lesniak.
Uma história de mulher que pode ser, a esse e a outros níveis, a história de tantas mulheres...
ResponderEliminarUm abraço.Luís
Claro que pode, Graça.
EliminarTantas vezes que a realidade finta a ficção.
que história!
ResponderEliminarlembro de uma parecida que foi muito falada uma Lorena Bobbitt.
beijinho
:)
As histórias repetem-se, Piedade. :)
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