«O que vai ficar, são aqueles minutos de
canto alentejano, que ainda me fazem estremecer, quando me imagino a erguer a
voz, juntamente com aqueles homens que continuam a resistir a quase tudo.
Uns dias depois encontrei o Augusto, que
me falou com orgulho da primeira vez que se misturou com os homens que
cantavam. Depois de ouvir o tio Abílio desabafar com o pai:
- Compadre cantamos mesmo mal, mas é tão
bom juntarmos as nossas vozes. Até as nossas dores se soltam com o suor e se
misturam com as cantigas.
Augusto ficou de tal maneira
impressionado com as palavras do amigo do pai, que assim que pode, apareceu,
para ver se sentia aquilo. E sentiu. Aquele canto, que agora é conhecido como
cante, entrava-lhes mesmo pela alma adentro.»
A fotografia é de Ernst Haas.
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