segunda-feira, setembro 02, 2024

"Adeus Politécnica" (depois de outro e outro adeus)...


Na sexta-feira passei pela Rua Politécnica e reparei na faixa colocada pelos Artistas Unidos, no gradeamento da entrada do jardim. A Companhia, sem o Jorge Silva Melo, ainda ficou mais desprotegida, porque "dizer continua a ser muito diferente de fazer"...

Enquanto caminhava lembrei-me do grande poeta, Zé Gomes Ferreira, que assistiu à substituição de cafés por instalações bancárias (curiosamente hoje também em vias de extinção...) e deu mostras do seu desencanto nos seus livros, que quase pareciam diários. 

Não muito depois começaram a fechar as salas de cinemas. Mais tarde foi o tempo de se fecharem livrarias... Inventaram desculpas (inventam sempre...), apenas para meterem as salas de cinema dentro dos centros comerciais, tal como depois fizeram com os livros, que passaram a ser vendidos quase ao lado das batatas e do arroz, nos hipermercados... 

Agora nem sequer se viram para o teatro e para os grupos independentes, com salas próprias, limitam-se a cortar os apoios. 

Nunca vão ter a ousadia acabar com o teatro e com os actores. 

Talvez pensem, sim, em os substituir... 

Não é por acaso que os políticos são quem "faz mais teatro" entre nós (mesmo que sejam uns actores medíocres...). Envolvem-se diariamente em farsas, dramas, comédias e tragédias (para os outros, claro) e depois fingem que não é nada com eles.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


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