Se for uma pessoa relativamente próxima, não demoro muito tempo a "chegar lá". Mas há vezes que nem sequer lá chego (isto acontece mais com a Mãe, que anda muito mais para trás no tempo. Sem se aperceber, fala da nossa Aldeia e do Bairro onde crescemos como se continuássemos por lá, mas na infância...).
É quando percebo que afinal a minha memória visual não é assim tão boa como penso (se bem que há casos de pessoas que não vejo há quarenta e cinquenta anos...). Sim, sai das Caldas com 18 anos, embora nunca me afastasse demasiado, as "visitas de médico" não são iguais ao "viver diariamente" num lugar...
Contava estas coisas ao Carlos, que fingia ler o jornal (tantas vezes que é a única pessoa que encontro a ler "notícias de papel"...) e que me disse: «Quando os anos passam por nós, sem nos apercebermos, é quase um descanso.»
Como de costume, ele deixou algo de enigmático a pairar no ar e na nossa mesa, antes de eu o deixar "preso" aos seus dois vícios, na esplanada do senhor Manel, os cigarros e os jornais...
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)
Sem comentários:
Enviar um comentário