As nossas geografias físicas e humanas saltaram para a mesa, eu que na infância e adolescência, só mudei de casa uma vez, quando passámos de uma casa de renda para casa própria. Se a mudança de casa foi boa, a de bairro nem por isso... Mesmo que nunca nos afastássemos muito dos nossos amigos que lá ficaram. Graças às nossas bicicletas, a viagem entre bairros tornava-se curta, mesmo que ficassem em pontos opostos da cidade.
Ela mudava de casa, quase ano sim ano não. O mais curioso era ela gostar disso... Falou-me de ainda pequenita, gostar de ser a primeira a entrar nas novas casas e percorrê-las lés a lés, ficando parada nas janelas, a ver o que se passava lá fora... O pai fora militar e isso levava-a a mudar de cidade com a tal frequência.
Hoje vive na mesma casa há mais de vinte anos, mas apetece-lhe mudar, muitas vezes. É por isso que muda os móveis e os quadros de sítio, pelo menos uma vez por ano. E sente uma nostalgia boa quando se recorda das pessoas e dos lugares que conheceu, como se tivesse ficado com um bocadinho de cada um deles dentro de si...
(Fotografia de Luís Eme - Almada)
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