segunda-feira, abril 29, 2024

Querer ser outra coisa...


Em menos de 10 minutos, em dois transportes diferentes, tive a mesma sensação, com duas pessoas diferentes.

Aquilo que lhes era mais comum, além da juventude, era a sua ambiguidade sexual. 

Sim, ambiguidade sexual. 

O primeiro era um rapaz com uma bela cabeleira loura (o trabalho que deveria dar, ter um cabelo tão sedoso e comprido...), que estava sentado de uma forma estranha. Enquanto o observava ia perdendo características de "rapariga loura", para passar a ser  um "rapaz louro", por coisas peculiares. O corpo não tinha muitas curvas e calçava um número de ténis quase grande... Só quando se levantou para sair na estação do metro percebi que era um "Alberto"...

Já sentado no cacilheiro, recebi a companhia de um rapaz de cabelo curto, roupas pretas, olhos e lábios pintados, brincos. O tempo da duração da viagem fez-me perceber que era demasiado leve e suave, para ser "o que parecia (e queria) ser". Agora era uma rapariga que lutava contra a tal questão, do que era suposto ser, segundo a sociedade...

O mais curioso, foi pensar que ambos deviam estar em negação, que se recusavam a aceitar o sexo que lhes fora destinado, por mais um daqueles acasos, que não se explicam (e agora também se podem negar...). 

Talvez tivessem medo do destino que a vida lhes traçara e queriam mudar o seu rumo, ou apenas queriam ser algo diferente...

Pois é, vivemos num mundo onde se há coisa que não nos falta, é o "talvez"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


7 comentários:


  1. Porque não quero assumir, p.f., explica-me: O que é um “alberto”?

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    1. O Alberto podia ser Manuel ou Ricardo (foi o que saiu na escrita, para dizer que era um rapaz...), Catarina.

      Não tem nenhum significado (penso eu...).

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  2. Penso que todos já quisemos ser outra coisa, mesmo sem darmos nas vistas e não estou só a falar daquilo que falas!

    Abraço

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  3. O tudo questionar pode levar à sabedoria; mas adivinha-se trabalhoso esse percurso.
    De tudo duvidar, instaurou-se como moda e, por quase nada e uns enfeites, assegura a suspeição de intelecto activo.

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    1. José, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa...

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