domingo, abril 07, 2024

Não, Obrigado (regresso do Serviço Militar Obrigatório)


Não encontro explicações racionais para o facto de a nossa democracia, aliás, o bloco central (os Socialistas e os Sociais Democratas) sempre terem tratado as Forças Armadas sem a dignidade que mereciam, desvalorizando a sua importância na sociedade.

Não sei se foram "traumas" por a Revolução de Abril de 1974 e a transição democrática ter sido feita por Militares, por serem eles os nossos "Heróis da Liberdade", e não os políticos e os partidos.  A única coisa que sei, é que tanto o PS como o PSD, foram-se servindo dos Militares, quando lhes dava jeito, ao mesmo tempo que adiavam as reformas tão necessárias (e que nunca foram realizadas por inteiro...).

É importante dizer que isto aconteceu, quase sempre, com a cumplicidade dos generais e almirantes, que nunca foram capazes de abordar os problemas criados com o fim do Serviço Militar Obrigatório (SMO), que foi encurtando cada vez mais o número de homens e mulheres que queriam seguir a vida militar, dificultando o cumprimento das missões em terra, no ar e no mar. 

Se pensarmos que o SMO acabou há mais de 20 anos. E que os Governos e as chefias militares nunca se uniram para tornar a vida militar atraente para os jovens (além de oferecerem poucas perspetivas de futuro e de formação, os ordenados  foram sempre baixos...), não será com o regresso desta obrigatoriedade, que as coisas irão melhorar.

Aliás, só se começou a falar do regresso do SMO, com alguma insistência, porque começa a não haver gente para cumprir os "serviços mínimos", uma vez que cada vez é mais difícil recrutar jovens voluntários para a vida militar. O problema é que os defensores  desta proposta não estão a pensar em melhorar condições para quem quiser ser militar. Estão sim, a pensar que com a "obrigatoriedade" deste serviço, pode acabar-se com o défice humano existente, ao mesmo tempo que se consegue de volta a antiga "mão de obra barata".

É demasiado óbvio que esta tentativa de trazer de volta o SMO, não tem nada de reformista, nem pretende melhorar as condições oferecidas aos militares. É por isso que estou completamente contra este regresso ao passado. 

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


14 comentários:

  1. Bom dia
    Apoio incondicionalmente o seu raciocínio.

    JR

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  2. Não me parece que seja solução para nada.
    Tudo de bom.
    Uma boa semana.
    Um abraço.

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    1. Também acho que não, Graça.

      Há coisas que não "têm volta"...

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  3. Como dizia a outra: - Me too!

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  4. Não gostaria de ver os meus netos no SMO!

    Abraço

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    1. O mundo mudou, Rosa.

      Muito (mesmo que pareça que não).

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  5. Se há actividade em que o carreirismo seja inviável, é o serviço militar.
    Atente-se no estúpido número de graduados e oficiais e na escassez de soldados.
    O SMO é só o meio mínimo de não se eternizar esse tipo de distorções e de não termos umas forças armadas de velhadas.

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    1. Mas sempre houve carreirismo, José, "soldados de chumbo"...

      E o problema maior é mesmo a inversão da pirâmide (que os "encarreirados" fingiam não ver...). Provavelmente as paradas são varridas pelos sargentos ou então pelo vento...

      O problema foi terem acabado com o SMO. Agora não acredito que seja possível voltar... nem que seja a solução.

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    2. ...pelo que, a solução é...

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    3. Apetece-me responder, José, que a solução foi...

      Perderam-se quase cinquenta anos. Depois do fim da Guerra Colonial devia-se ter feito uma reforma profunda nas forças armadas, adequá-las a uma vida de paz, aproximá-las da sociedade civil.

      Os políticos (e as chefias militares) preferiram assobiar para o lado e fingir que tudo ia bem, mesmo que se entrasse no nosso milénio praticamente com o mesmo material bélico que se usava em África e com os homens (e mulheres, quando puderam ser militares) fechados nos quarteis. Como se os militares fossem "perigosos" (é como eu digo no texto, nunca lhes perdoaram terem feito a Revolução...).

      Agora acho difícil qualquer solução. Quase que era melhor "começar tudo de novo". Pensar o país apenas com uma boa Marinha (com muitos patrulhas e sem submarinos...), eficaz na protecção e apoio da nossa costa) e uma boa Força Aérea (também com mais helicópteros e menos caças...), e sem o Exército, como se conhece. Era preferível juntar as tropas especiais numa só, oferecendo-lhes condições para serem um grande apoio em qualquer situação (reforço de segurança, apoio às populações em catástrofes, etc, ao mesmo tempo que eram atractivas para os jovens.

      (parece que respondi...)

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    4. marsupilami10/04/24, 07:49

      Muito bem visto, Luis. Parece-me também que o caminho deveria ser por aí.

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    5. É a minha opinião, Marsupilami.

      Mas a coragem nunca foi uma virtude dos políticos e das chefias militares...

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