Por breves instantes ficaram suspensos pelas palavras do encenador, depois sorriram. Aquilo podia parecer uma provocação, mas não era. Era mesmo uma constatação pelo que observava enquanto a jovem se expressava, pelas cores e imagens que faziam com que os braços e as pernas parecessem telas.
Há pessoas que acham que lhes é permitido dizer tudo o que lhes apetece, quase sempre pelos cargos que ocupam. Outras parece que gostam de "abusar da sorte". Fernando era uma dessas pessoas. Não falava muito, mas dizia sempre o que lhe apetecia, fazendo-se notar pelas coisas que dizia. Era por isso que era levado a sério.
Quando pararam para descansar, ele justificou as suas palavras, com a simplicidade que o caracterizava. «Olho para a Sara e sinto que ela tem uma segunda pele, mesmo sem nunca a ter visto sem qualquer peça de roupa. Imagino que o seu corpo seja igual aos braços e às pernas, esteja todo decorado.»
Todos ficaram a olhar, sem dizer uma palavra, provavelmente nunca tinham pensado no assunto, muito menos com esta perspectiva. E depois ele continuou.
«Eu que não tenho nenhuma tatuagem, não tenho a sorte da Sara. Não consigo disfarçar nenhuma parte do corpo, nem tão pouco esconder a minha brancura, de quem não vai à praia há anos.»
Ficámos todos a sorrir. A Sara também sorriu e piscou o olho ao Fernando, com um aceno, como se concordasse com ele, na parte da nudez.
(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)
Eu também não tenho a sorte da Sara! 😀
ResponderEliminarAbraço
Não se pode ter tudo, Rosa. :)
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