Foi também sobre isso que conversei com um amigo pintor que não visitava há mais de três anos, na sua garagem-ateliê.
Está completamente desiludido com os caminhos que têm seguido por esse mundo fora. Ainda hoje não percebe como é que é possível a manutenção de uma guerra, que não passa de uma tentativa de invasão e ocupação de um país, no continente europeu, onde se dizia que não habitavam bárbaros...
Mas também está descontente (já estava...) com os descaminhos da arte. Não aceita a ideia deste "vale tudo", que se espalha por todo o lado, até nos domínios artísticos, onde os gajos que não sabem sequer desenhar, espalham a ideia de que "tudo é arte".
Embora nos anos setenta e oitenta vendesse bastante, nunca fez parte do chamado "circuito", nem mesmo em Almada. E sente-se bem assim, fora de "sindicatos", de "partidos" e do que quer que seja, que nos suje as mãos.
Continua a pensar que cada obra de arte é única. Vai contra todo o género de repetição (muitas vezes quase imposto pelas galerias), que leva à mecanização e só tem como objectivo satisfazer o "negócio".
Concordei com quase tudo o que me disse, até quando se meteu com a pantomina: «Estou farto dos pantomineiros que dizem que são artistas.»
(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)
Todos querem ser artistas mesmo os que não têm arte para coisíssima nenhuma.
ResponderEliminarEsse é um dos grandes problemas, Catarina.
EliminarFazemos muito pouca autocrítica...