Foi por isso que gostei que uma das pessoas mais inteligentes que conheço, fosse tema de conversa. Mesmo que fosse falado por ter os "fusíveis avariados" ou por ter um prazer especial em irritar os outros.
Sorri para dentro, por saber que ele nunca se importou em ser olhado como o "louco da família". Esforçou-se bastante para que não se orgulhassem por ele ter sido o primeiro doutor da rua e ter uma obra notável como investigador. Deixou sempre mais visíveis as partes mais cinzentas ou castanhas da sua vida.
É um primo afastado, de quem só tenho a dizer bem. Talvez por também gostar de pensar pela minha cabeça. Quando me lembro de meia-dúzia de histórias que contam a seu respeito, sei que a sua vida inspira mais facilmente um romance que uma biografia.
Nunca se preocupou com o dizer dos outros. Esteve preso no começo da "primavera marcelista" apenas por gostar da liberdade. Foram poucos dias, mas tiveram o cuidado de lhe dizer que tinha gostos estranhos, por ser amigo de dois ou três homossexuais, e também de quatro ou cinco comunistas. E que devia ter muito cuidado.
Sei que sempre "nadou" muito melhor que o Pacheco Pereira ou o Vasco, contra a corrente, mas nunca foi "escriba" de qualquer corte. Tinha em comum com Agostinho da Silva, a paixão pelos gatos e pelo pensamento livre. Nunca o conseguiram encaixar em nenhum grupo, nem mesmo dos perigosos, antes e depois de Abril ("bichas" e "comunas"...).
Apeteceu-me telefonar-lhe. Foi quando me lembrei que deve ser uma das raras pessoas que não tem telemóvel.
(Fotografia de Luís Eme - Fonte da Pipa)
Andei por aqui pondo leituras em dia.
ResponderEliminarAbraço e saúde
Abraço Elvira.:)
EliminarSaúde da boa.
Gosto dessas pessoas (contra a corrente).
ResponderEliminarNo nosso país a diferença muitas vezes tem um preço elevado, Severino.
EliminarAlimentamo-nos muito de "grupelhos" e de "capelinhas", quase sempre fechados.