É quase normal apetecer-me escrever que isso só acontece porque a lengalenga das "virtudes públicas e dos vícios privados", continua a comandar as acções, tanto das nossas vítimas como dos malfeitores. Só que pode não ser bem assim. O medo pode ser mais importante para o nosso silêncio, que outra coisa qualquer, sebastianista ou salazarista.
Se por um lado é humano escondermos o que nos diminui, o que nos humilha, o que nos faz doer (até porque o mundo lá fora normalmente não nos leva a sério, apenas finge que se preocupa com os nossos problemas...), por outro, podem existir males maiores que nos conduzem ao silêncio. Podemos ser ameaçados (até de morte!), tal como os que nos são próximos, para nos mantermos de boca fechada.
E há ainda outras questões a ter em conta: vamos queixar-nos a quem? Aos juízes e aos polícias que ainda olham de alto a baixo as mulheres que fazem queixas de violência doméstica ou de violação; da mesma forma que apontam o dedo com mais facilidade a quem tem a pele mais escura ou se veste de uma forma diferente?
Por um breve instante, queixamo-nos da má sorte de sermos portugueses. Mas depois lemos os jornais franceses, alemães, italianos, norte-americanos, ingleses, e percebemos que há uma qualquer coisa mais forte, que nos torna quase iguais aos outros povos. Parece que afinal existe algo espalhado pelo mundo, que quase banaliza os defeitos que pensamos serem só nossos.
Pois é, não somos "grandes peças". Se fomos criados por um deus qualquer, viemos cheios de defeitos...
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)
Mas dizem os crentes que fomos criados à imagem e semelhança de Deus!
ResponderEliminarQuem havia de dizer!
Abraço
Tão pertinente (e certeira) a "Dona Rosa". :)
EliminarA Rosa tem razão. Mas não devemos dar muita importância aos dogmas, claro!
ResponderEliminarAgora que há algo mau a espalhar-se pelo mundo, há!
O humanismo está a ser desvalorizado pelo populismo, e também por outros ismos, Maria...
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