O Gui contou-nos uma história que poderia dar um conto, sobre um empresário incapaz de falar verdade ou de ser honesto, que se salvava às primeiras por ter um sorriso irresistível e por nunca ninguém saber se estava a falar a sério ou a brincar. O problema era quando se descobria quem era o verdadeiro Vanderlei Paris, vendedor de pesadelos...
A Rita disse que já conhecera alguns vanderleis por aí, acrescentando: «À medida que vou caminhando para a meia idade, suporto cada vez menos a gente muito simpática ou bonzinha. Quando lidamos com eles a sério, descobrimos quase sempre que não passam de uns bons filhos da puta.»
O Carlos com o seu humor característico apoiou-a: «Não sei se posso utilizar como feminino de Vanderlei Vanda. Acho que elas são ainda mais vendedoras de pesadelos que eles, tem muito mais arte para a música, para nos aplicarem o velho "golpe do baú" e levarem-nos à certa.»
«Mas isso também acontece porque vocês não podem ver uma burra de saias.» Brincou a Rita.
«O que eu tenho ouvido dizer é que não podemos ver um rabo de saias. Mas podes ser criativa à vontade», disse o Carlos.
«Deixa lá, que a mensagem é igual. Aliás para vocês convém ser mais mini-saia.» Continuou a Rita.
«É por isso que andas sempre de calças?» Perguntou o Carlos, imparável.
«Até podia ser, para não distrair os homens. Mas não, é apenas uma questão de conforto, sinto-me mais confortável de calças.» Respondeu a Rita sem perder o sorriso.
Foram as horas que nos salvaram da conversa sobre o Vanderlei Paris, uma personagem que já nos estava a levar por caminhos erráticos, graças ao nosso Gui, que está a queimar os últimos cartuchos das férias natalícias.
(Fotografia de Pierre Boulat)
Não resisto a fazer uma festa quando tenho oportunidade e um cão me fica à mão, e é nessa altura que quase toda a gente comenta: quanto mais conheço as pessoas mais gosto dos animais. Infelizmente é cada vez mais uma verdade indesmentível!
ResponderEliminarÉ verdade, temos perdido qualidades humanas, inexplicavelmente, Severino...
Eliminara brincar e a sorrir se dizem grandes verdades...que os há por aí, ai isso há, de calças e de saias...
ResponderEliminar:)
É bom conseguir levar a vida a sorrir, Piedade. :)
EliminarEssa coisa de a Rita cada vez suportar menos gente muito simpática ou boazinha, fez-me lembrar algo que escrevi há uns tempos:
ResponderEliminar«Fazem promessas que não podem cumprir; alimentam expectativas, que saem goradas; criam esperanças em vão; fazem com que os outros se sintam amados, sem o serem. O seu objetivo nunca é fazer algo pelo próximo, mas por si próprios. Querem ser amados, admirados, elogiados, sensibilizar os outros pela sua bondade. Não se perguntam se os desiludem, se os ferem. É-lhes indiferente».
Intitulei este pensamento "A arte de se fazer amado". Porque no fundo é isso que eles querem. Marimbando-se para as consequências...
Estes tempos, onde parece valer tudo, são um convite a quem gosta de usar máscaras, Cristina.
EliminarMesmo esse amor de que falas parece-me ser outra coisa.