Ontem assisti em Almada a uma sessão de homenagem ao poeta Joaquim Namorado, na sala Pablo Neruda, do Forum Romeu Correia, organizada pela Associação Cultural Manuel da Fonseca.
Os quatro elementos da mesa de honra (Fernando Fitas, Henrique Dória, Alexandre Castanheira e António Pita) prestaram um belo serviço à memória deste homem, que foi muito mais que poeta. Foi professor, resistente comunista e até jornalista (principal responsável pela revista cultural "Vértice", quando esta era publicada em Coimbra...).
No final foi dada a possibilidade à plateia de fazer perguntas sobre o homenageado à mesa.
Por a sessão ter sido um pouco longa não foi levantada nenhuma questão, mas mesmo assim houve duas intervenções, uma delas com uma síntese do que se passara e a outra para enaltecer o ideário político do homenageado. Embora a pessoa em causa tenha começado por sublinhar a importância da cultura na sociedade, assim que teve oportunidade "vendeu o seu peixe" - ao qual não faltou o tratamento a todos presentes por "camaradas", culminando com esta frase: «Todos os grandes homens são comunistas.»
Eu, que marxista me confesso, mas pouco dado a fundamentalismos, sejam eles religiosos, desportivos ou políticos, lembrei-me logo naquele momento de Miguel Torga, Sophia e Jorge de Sena.
Claro que só houve uma pessoa que respondeu ao senhor, e com bonomia, para não "estragar" uma sessão tão importante para a preservação da memória.
É pena que muitas pessoas não percebam que existe mais mundo para lá dos seus "credos". E basta olharmos o "mundo" de frente para sentirmos os males desta "doença" que se chama fundamentalismo...
(Fotografia de Luís Eme)
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