sexta-feira, fevereiro 14, 2025

Um mundo com mais diferenças que segredos...


Houve um tempo em que montava (ou ajudava a montar...) muitas exposições.

Isso fazia com que tivesse alguma proximidade com a gente que pintava e fotografava (com mais e menos talento). Foram tempos de aprendizagem e sobretudo de partilha.

Por saber que o artista é por natureza opinativo, e tem um ego com algum tamanho, nunca fui um impositor, nunca dizia "isto assim é fica bem", preferia perguntar, "acham que isto fica bem assim?". Ficava quase sempre...

Tentava também que percebessem que as exposições não são "mundos fechados". Embora não existam mil maneiras de as tornar quase num só "corpo", há com certeza, pelo menos uma dúzia de possibilidades diferentes de lhes oferecer harmonia. É por isso que eles ainda acham que os quadros devem ser nivelados por cima ou por baixo. Eu continuo a gostar mais da centralidade...

Hoje voltei a esses tempos, ajudei a montar a exposição de três amigos.

Falei com um deles sobre o seu percurso. Fui mais longe, disse-lhe que ele era um artista, porque foi à procura do seu caminho, nunca procurou copiar ninguém...

Ele não respondeu com palavras, abanou a cabeça afirmativamente.

Muitos nunca o chegam a descobrir, mas o mundo das artes, alimenta-se mais das diferenças, da procura do próprio caminho, que dos segredos, que faziam parte da "mitologia" de alguns mestres...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


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