quinta-feira, fevereiro 13, 2025

«Como é que conseguimos que nos olhem como artistas de verdade?»


Sei que me repito, mais vezes do que devia, aqui no "Largo".

Isso acontece por várias razões. A mais evidente, talvez seja por continuarmos a debatermo-nos com os meus problemas de há quarenta e trinta anos, na cultura.

As "repetições" também fazem com que perceba que sou mais lido do que penso, por pessoas que conheço. 

Hoje  recebi dois telefonemas de gente do teatro. Gente que não faz telenovelas (não são das que que não participam porque não querem, são das que nem sequer são convidadas, porque não andam em "grupos", não engraxam botas, muito menos vão para a cama com este ou esta, apenas porque faz parte do contexto televisivo novelesco...).

Gente cansada de promessas e de ouvir mentiras.

Embora se fale que há novos públicos entre os jovens, estes continuam a ser poucos, as salas continuam a estar vazias, depois da estreia...

Embora exista muita gente que seja contra a subsidiodependência, é a única forma de se fazer teatro em Portugal (até mesmo o Lá Féria precisa de apoios...), tal como noutras artes menos mediáticas, como a dança ou a música sinfónica, por exemplo.

As pessoas sabem que a única forma de evoluirem, é trabalhar todos os dias, ser esta a sua única ocupação profissional. Não terem de fazer uns "ganchos" num bar de um amigo, no café do pai ou por gostarem de viver de noite, irem ao raiar do dia ao MARL, buscar fruta e os legumes para a banca que a tia tem na Ribeira... Ou se forem músicos de orquestra, para conseguirem fazer férias no Algarve, arranjarem um "part-time" como músicos nas touradas, que realizam em Albufeira para turistas.

Fazem-me sempre a pergunta do "milhão": «Como é que conseguimos que nos olhem como artistas de verdade?»

Tenho várias teorias, mas ao certo não sei. 

Não sei mesmo. Neste tempo de percepções, penso demasiadas vezes sobre estas coisas das culturas e fico com a sensação, de que cada vez sei menos...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


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