terça-feira, fevereiro 04, 2025

Dois livros infanto-juvenis com uma leitura diferente...


Estava a arrumar livros quando me apareceu "A Floresta", de Sophia de Melo Breyner Andresen (junto da "Menina do Mar"). Ambos faziam parte dos livros "escolares" dos meus filhos. Fiquei na dúvida, se alguma vez o tinha lido. Mais tarde vi que não constava na "lista". E assim como quem não quer a coisa, comecei a lê-lo...

Não fiquei muito espantado com a história, achei que o anão que apareceu à menina era tudo menos um estranho, mesmo que a sua tarefa de guardião centenário de um tesouro, procurasse ser original.

Achei também curiosa a forma como a Sophia descreve a perigosidade do dinheiro, e de como os "ricos" não conseguem viver num mundo sem "pobres"...

Quase ao mesmo tempo comecei a folhear as "Aventuras de João sem medo", do José Gomes Ferreira. Também não li este livro, enquanto jovem. Recordo-me de ter gostado muito de ler "O Mundo dos Outros" no começo da adolescência, mas as aventuras do João ficaram adiadas, até hoje...

É curioso, como a leitura de um adulto, é completamente diferente da de um jovem, num livro que finge que esconde as histórias de um país desigual, cheio bandidos, capazes das maiores atrocidades, e claro, uma ou outra fada, aqui e ali, para amenizar as "desgraças"... Ou seja, senti este livro tão político, tão anti-salazarista...

São claras as mensagens literárias da Sophia e do Zé Gomes, do ponto de vista social. Mensagens que se encaixam muito bem neste nosso tempo, com o regresso de velhas práticas, que trazem para o poder os adoradores de "moedas de ouro" e os "ditadores", que tanto gostam de condicionar a vida dos outros...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


Sem comentários:

Enviar um comentário