terça-feira, junho 25, 2024

Tentar pensar "dentro dos outros"...


O Cacilheiro ainda é "margem-sul", não tens pensamentos sobre o que te rodeia, como eu tive, hoje, no interior do Metro.

Andei atrás no tempo e recordei as minhas primeiras viagens a Lisboa, ainda adolescente, com o meu irmão (ele já devia ter mais de dezoito anos e eu apenas dezasseis e viemos à Capital provavelmente por causa da Universidade, em que ele se preparava para entrar...). Mesmo assim, só dava para sentir o "cheiro a novidade", todo aquele movimento e a quase indiferença das pessoas pelo que as rodeava. Não dava para descobrir muito mais, entre aquele viver e o da nossa cidade de província.

Só quando vim viver para Lisboa (Cruz Quebrada) é que senti mesmo na pele as grandes diferenças, a quase desumanização da sociedade, mais interessada em coisas de somenos, como conseguir "chegar a casa", ao fim de um dia de trabalho ou de estudo... Era uma cidade diferente, esta, do começo da década de oitenta do século passado, mais velha, mais cansada e sem capacidade para explorar o seu melhor (vivia-se de costas voltadas para o Tejo e para os bairros típicos, onde a degradação era demasiado visível, lugares que hoje são os seus melhores cartões de visita, mesmo que sejam só isso...).

Lá estou eu a mudar de assunto ou a ir longe de mais com as palavras...

O que eu pensei, ao olhar aquela gente, mesmo que muitos fossem de fora, era o que viam no buliço da cidade. Provavelmente, vêm coisas diferentes... Os que têm a pele mais escurecida, que chegam das índias, devem achar que em Lisboa é tudo mais calmo ,que nos seus países de origem, demasiado desorganizados e habitados, e também com mais poluição e pobreza... Os das europas não devem pensar muito. Gostam sobretudo do nosso "exotismo" (mesmo que esteja a desaparecer...), dos preços das coisas e da nossa simpatia (mesmo que seja hipócrita...). Ou seja, em quarenta anos, este Lisboa, não tem quase nada da que descobri no fim da adolescência.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


2 comentários:

  1. Mesmo! para não falar nas obras de Santa Ingrácia.... Um abraço da Pérola do Atlântico

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