O problema é que isso não se passa apenas com Mia Couto. Há pelo menos uma dúzia de escritores a quem faço o mesmo. Nem é muito difícil arranjar desculpas. Além de ser humanamente impossível ler todos os livros que desejamos, também é normal aparecer mais que um livro, capaz de fazer ultrapassagens, tanto pela esquerda como pela direita, fazendo com que as "filas de espera" continuem a crescer nas estantes da casa.
Mas foi um prazer imenso ler "um rio chamado tempo, uma casa chamada terra", e viajar por dentro de uma família especial (como são todas as inventadas pelo Mia Couto...), que abraça as tradições, usa os dialectos locais e reinventa o misticismo e a magia, que fazem parte do dia a dia do continente africano.
Apesar do escritor moçambicano nos levar de viagem pelo presente e pelo passado, gostar de usar metáforas, ditos populares, e até enigmas, dá-nos sempre espaço para a reflexão, para pensarmos sobre o que andamos por cá a fazer (ou a não fazer...).
Para tornar as coisas mais enigmáticas, Mia Couto fez aparecer "cartas" ao longo dos capítulos (que aparecem e desaparecem...), trocadas entre os Marianos, cheias de pequenas e grandes curiosidades, que vão adensando a ficção.
Foi por isso que resolvi retirar uma frase da última "epistola": «Há um rio que nasce dentro de nós, corre por dentro da casa e desagua não no mar, mas na terra.»
(Fotografia de Luís Eme - Sobreda)
Li este livro de Mia Couto e tocou-me muito.
ResponderEliminarTudo de bom.
Uma boa semana.
Um abraço.
É um livro mágico, Graça. :)
EliminarGostei bastante de ler esta tua publicação. Acabei de confirmar que a rede de bibliotecas tem este livro, mas no formato físico. Vou aguardar até que o possuam no formato digital.
ResponderEliminarE mais uma vez digo, repetindo... de novo... que foste tu que me apresentaste a Mia Couto, de quem li vários livros, uns atrás dos outros, na altura. Uns anos mais tarde, viria a conhecê-lo pessoalmente, trocando umas breves palavras, quando da apresentação de um dos seus livros.
: )
Vais gostar, Catarina.
EliminarJá li vários dele, entre os quais este mas estou sempre a deixar alguns para trás.
ResponderEliminarAbraço
Esse é o fado dos leitores, Rosa. :)
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