quinta-feira, junho 06, 2024

Uma coisa é um coisa, outra coisa, é outra coisa...


Nas campanhas eleitorais devia ser proibido resolver (ou fingir que resolvem...) problemas, como aconteceu agora com a imigração.

O pior de tudo é a mistura que se faz de quem trabalha e tenta ter uma vida normal (a maior parte das pessoas que forma filas na AIMA...), e de quem vive "do ar", que tornou alguns largos e praças de Lisboa em pequenos parques de campismo clandestinos, sem quaisquer condições higiénicas ou de salubridade, e que têm tido a sorte de as polícias portugueses estarem mais preocupadas com seu o subsídio de risco que em cumprir as suas funções de segurança e fingem que não os vêm nas ruas (caso contrário muitos já tinham sido "deslocados" à bastonada)...

E quem é esta gente que "vive do ar"? São pelo menos dois tipos de pessoas: as que gostam de vagabundear, que encontraram em Portugal, um país onde reina mais a anarquia, que em Espanha, por exemplo (para não ir mais longe) onde muitas leis não são para cumprir e se finge que "está tudo bem"; e as que foram "contratadas" para trabalhos sanzonais (agricultura e hotelaria) e que quando deixaram de ser necessárias, foram abandonadas à sua sorte, acabando pro se deslocar para a Capital, porque há sempre a ilusão de que é mais fácil encontrar um trabalho qualquer por lá.

Estas situações não irão mudar, também por duas razões: os maus patrões vão continuar a explorar esta mão de obra barata, descartando-a, quando deixa de ser boa para o negócio; e qualquer pessoa poderá continuar a entrar no país, sem qualquer controle (a única vigilância com alguma eficácia faz-se nos aeroportos), por terra e mar...

O problema é que todas estas "misturas" só fazem com que aumente o racismo e a xenofobia entre nós, dando força a uma extrema-direita sem qualquer princípio humanista.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


4 comentários:

  1. Uma coisa é o trabalho sazonal, outra coisa é outra coisa.
    Se há contratos a prazo, porque não imigração com prazo?

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    1. Claro, José.

      Tem razão, nos prazos.

      Mas essa coisa que é a outra coisa, é que é o grande problema: redes clandestinas de tráfico humano que trazem pessoas de forma ilegal e as exploram, trabalham sem contratos de trabalho, algo que é sempre apetecível para certos patrões...

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    2. Se só entrarem quando identificado para quem vão trabalhar, e à responsabilidade deste, pelo prazo acordado, cabe ao Estado cuidar das fronteiras e garantir os contratos.
      Só há clandestinidade se o destino é incerto.

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    3. Há clandestinidade e ilegalidade quando não existem contratos de trabalho ou outra documentação legal para se estar no país...

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