O Carlos estava certo, tal como o seu cigarro, que emergia de um mundo já quase sem fumadores clássicos.
Eu sabia que a mentira é como aquelas facas que se usam apenas nas conversas e que têm dois gumes. Tanto ajuda como desajuda a viver. Depende sempre da forma e do método com que é usada.
Foi por isso que não disse nada. Ele fingiu não perceber e mudou de assunto. E ainda bem, falou-me de um escritor que eu desconhecia, Nelson Aldren. Era americano. Havia um ou dois realizadores que adaptaram os seus romances para o cinema. Adiantou-me que ele escrevia sobre as pessoas que não contavam, os pobres, os desgraçados, os marginais. E ainda me disse que ele era de Chicago...
E rematou a conversa, dizendo que o Aldren era incapaz de mentir, nos livros e, provavelmente, na vida.
(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)
Tenho muita dificuldade em aceitar a mentira!
ResponderEliminarAbraço
Eu também, Rosa.
EliminarHá dois tipos de pessoa com quem eu tenho muita dificuldade em conviver, mentirosos e bêbados...
Simone de Beauvoir: "Um amor transatlântico. Cartas a Nelson Algren 1947-1964"
ResponderEliminarGrato pela informação, Teresa.
EliminarHum, parece-me que o Carlos mentiu-lhe. O escritor chama-se Nelson Algren e é de Detroit, Michigan. Escreveu: "Chicago, city on the make" o que, provavelmente, gerou a confusão com a naturalidade.
ResponderEliminar"falou-me de um autor que eu desconhecia"
ResponderEliminarDesconhecia porque esse autor não existe, Luís.
Existe um romancista americano de nome Nelson Algren que nasceu em Detroit, Michigan. Tem um livro cuja acção se passa em Chicago; "Chicago on the make", mentira do Carlos, portanto.
O Carlos não me mentiu, Pedro. Eu é que escrevi mal o nome do autor. E como ele me falou de Chicago, de livros e filmes pretos, um deles interpretado por Sinatra...
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