quarta-feira, outubro 12, 2022

Desta vez é verdade, não há duas sem três...


Nesta minha vida de "pesquisador de passados", encontrei uma frase curiosa, que o poeta Pedro Tamen, numa entrevista que deu à revista "Ler" (Fevereiro de 2011), em que cita o escritor Nuno Bragança, que transcrevo:

«O facto de ser um homem de agenda fez com que muita gente dissesse: "É um poeta que não parece poeta". Falando uma vez com o Nuno Bragança sobre isso, lembro-me desta frase que ele me disse: "Há duas espécies de artistas relativamente às convenções sociais e aos hábitos do mundo: aqueles que os enfrentam declaradamente, que os contrariam, que os violam - são os chamados 'marginais'; e há os outros que têm um tal medo do mundo que cumprem religiosamente essas convenções e esses ritos".»

Penso que existe pelo menos, mais uma espécie de artista (onde me coloco e onde penso que o Pedro também estava... apesar do Nuno o colocar no segundo grupo). Aquele que não se sente bem na pele de "marginal" (pelo menos a tempo inteiro...), nem gosta de dar nas vistas pelos piores motivos (insistentemente alcoolizados, mal vestidos, mal lavados, com um gosto especial de gritar "palavras de qualquer ordem"), mas vive em liberdade, sem estar preso aos tais ritos e convenções que nos cercam. E até posso acrescentar, que uma das coisas que sempre me incomodou em alguns "artistas", é que eles sejam mais conhecidos pela forma como se vestem e vivem, do que pela obra que produzem...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


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