Porque hoje se festeja a poesia, a "Casa", de David Mourão-Ferreira, a pensar em todos aqueles que no último mês tiverem de abandonar as suas famílias, as suas casas, as suas cidades, o seu país...
Tentei fugir da mancha mais escura
que existe no teu corpo e desisti.
Era pior do que a morte o que antevi:
era a dor de ficar sem sepultura.
Bebi entre os teus flancos a loucura
de não poder viver longe de ti:
és a sombra da casa onde nasci,
és a noite que à noite me procura.
Só por dentro de ti há corredores
e em quartos interiores, cheiro a fruta
que veste de frescura a escuridão...
Só por dentro de ti rebentam flores.
Só por dentro de ti a noite escuta
o que sem voz me sai do coração.
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)
Bom dia
ResponderEliminarComo teria sido bonito termos festejado o dia da poesia apenas com poemas sobre a primavera e os seus encantos.
JR
As coisas são o que são, Joaquim...
EliminarBela escolha!
ResponderEliminarAbraço
Sim, embora seja passível de outras interpretações, Rosa.
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