É também por isso que compreendo perfeitamente que esta gente continue a amaldiçoar o 25 de Abril, por pelo menos ter tentado oferecer algum equilíbrio social, na educação e na saúde. Sei que eles preferiam que as universidades continuassem a ser quase exclusivamente para os seus filhos e netos, e que existissem mais "hospitais para ricos" e menos para "pobres". Mas o mundo está longe de ser só deles, felizmente.
Pode-se, ou não gostar, de Pacheco Pereira, mas ele é uma das pessoas mais lúcidas a olhar e a comentar a sociedade. No mês de Abril de 2016 uma das suas crónicas da "Sábado" versou sobre a pobreza, cuja parte mais significativa, transcrevemos com a devida vénia:
«A pobreza ou qualquer forma de privação do mínimo necessário para uma vida com dignidade é uma forma de dar aos poderosos o direito natural à liberdade e a de privar os mais fracos.
Sim, porque ser pobre é ser mais fraco. É ter menos educação e menos oportunidades de as usar, é ter empregos piores e salários piores, ou não ter nem uma coisa nem outra. É falar português pior, com menos capacidade expressiva, logo com menos domínio sobre as coisas. É ter uma experiência limitada e menos qualificações. É depender mais dos outros. É não ter outro caminho que não seja o de reproduzir nas novas gerações, nos filhos, o mesmo ciclo de pobreza e exclusão dos país.»
Só não vê quem não quer, que só cresceremos como país, quando em vez de aumentarmos - como acontece actualmente -, reduzirmos o fosso entre ricos e pobres.
(Fotografia de Luís Eme - Cova da Piedade)
Totalmente de acordo!
ResponderEliminarÉ uma realidade triste, Maria...
EliminarO elevador social que é a escola está avariado!
ResponderEliminarAbraço
Ainda não totalmente, Rosa.
EliminarEm minha opinião, o que está mal é o facto dos patrões pagarem muito mal. Temos uma boa taxa de escolaridade mas os nossos licenciados ou outros técnicos qualificados fogem do nosso país porque "lá fora" pagam mais. E não é preciso ir muito longe. Basta ir para Espanha!
ResponderEliminarÉ verdade, os nossos patrões só pensam no lucro imediato, Maria.
EliminarGostei muito deste artigo de opinião excelente.
ResponderEliminarÉ isso mesmo que é preciso, equilíbrio, antes das eleições fartei-me de ver gente a partilhar um texto anti socialismo que tentado explica-lo através de um conto de um certo professor de uma univerdade que distribuía as notas todas iguais pelo alunos que estudavam e não estudavam, na minha percepção isso é mais do comunismo e não socialismo e a análise do socialismo não pode ser aasim tão linear. Está certo que custa tal como eles dizem, estar metade de um país a trabalhar para a outra metade que nada faz. Mas penso que o capitalismo também não é o que funciona melhor em prol do bem maior do povo de um país. É preciso um equilíbrio.