terça-feira, agosto 11, 2020

"Afinal o Dinheiro é Quase Tudo"...


Só uma crise enorme como a que vivemos é que seria capaz de provocar a discussão sobre alguns dos problemas, que sempre afectaram os agentes culturais no nosso país.

Embora a maior parte das questões que se levantam hoje, sejam de ordem material, por estar em causa a própria sobrevivência de milhares de pessoas. Estamos a falar de um sector que sempre funcionou em "roda livre", em que a maior parte das pessoas são trabalhadores independentes (só ganham se trabalharem...). E provavelmente iremos ficar por aqui...

Embora muito boa gente já tenha percebido que a  vidinha que nos permite ganhar dinheiro a fazer aquilo que mais gostamos, está longe de ser perfeita, também não se esquece que é muito bom não ter de aturar "patrões" ou "chefes", daqueles que adoram "infernizar" a vida dos outros, nem tão pouco ter horários fixos de trabalho.

Quase todos eles foram avisados em casa dos pais, para o mundo que os esperava... E quase todos respondiam: "o dinheiro não é tudo".

A atracção por uma vida quase anárquica, com modos de vida diferentes dos outros cidadãos (muitas vezes quase em sentido contrário...), era altamente sedutora. E era normal que ninguém se preocupasse muito em estabelecer regras nas suas profissões. Mesmo que soubessem que nas várias actividades culturais, só meia-dúzia de pessoas é que ganhavam muito dinheiro (é quase como no futebol...). A maior parte dos artistas viviam o seu dia-a-dia, com meia dúzia de trocos no bolso, para a bica e para o almoço e fingiam que eram felizes.

E só uma crise como esta, era capaz de os lembrar que "afinal o dinheiro é quase tudo"...

(Fotografia de Luís Eme - Vila Franca de Xira)

3 comentários:

  1. É mesmo!
    Não sei como é que podem sustentar uma família!

    Abraço

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    1. Alguns não podem, socorrem-se da família e dos amigos, Rosa...

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  2. Independentemente da segurança que o dinheiro sempre traz, não seria difícil melhorar a vida de todos os artistas; desde logo na relação que se estabelece entre estes e a SS, nos serviços de saúde, por exemplo. À semelhança do que se faz em alguns países.

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