quarta-feira, setembro 21, 2016

Fugir do Nome das Coisas...


É um lugar comum dizer que a Língua Portuguesa é extremamente rica. Riqueza que os ingleses, franceses, alemães ou espanhóis, também encontram, com toda a certeza, no seu "mundo de palavras". 

O que é certo é que descobrimos sempre formas e usos para evitar os chamados "choques frontais", quanto muito damos o flanco e lá surge uma vez por outra um "choque lateral"...

É por isso que se faz tanto o uso da ironia e das metáforas, até mesmo nas notícias dos jornais, que deviam ser objectivas e "servidas a seco", de preferência.

Toda esta introdução para falar da literatura, aliás, dos seus autores, ou para ser ainda mais específico, dos "críticos". De um mundo onde fiquei a saber que existem pelo menos três divisões: os escritores, os escritorzinhos e os escritorzecos. O mais curioso foi perceber que se podem colocar praticamente todas as pessoas que escrevem apenas nestas "três assoalhadas".

Quando pedi que fossem mais longe, até por ser parte interessada (mesmo que escrevesse apenas nos "campeonatos distritais"...), foi um pagode. Até porque a escolha era guiada sobretudo pela opinião pessoal que aquela mesa de "críticos" tinha de quem escrevia, a valia da sua obra era um assunto de importância menor. Ou seja, os "escritorzecos" acabaram por ter a lista literária mais extensa, cabendo aqui e ali até um ou outro candidato ao Nobel. Os "críticos" até se acotovelavam para colocar lá mais um escritor, mesmo que fosse apenas pela maneira de vestir e de andar, entre gargalhadas e palavras jocosas.

Ou seja, devo ficar sempre de pé atrás se me chamaram "escritorzinho". Mas pior, pior, é ser considerado um "escritorzeco"...

As coisas que se inventam para fugir do nome das coisas...

(Óleo de Georg Grosz)

6 comentários:

  1. Luís, uma das dúvidas que me perseguem é o que é ser escritor. Talvez não seja uma dúvida muito estúpida...

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    1. Ser escritor é escrever livros, Isabel.

      Depois pode-se ser muitas coisas dentro desta ocupação, embora os leitores saibam fazer as escolhas e encontrar as diferenças...

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  2. Ainda bem que não sou «escritor», ia parar à lista dos -zecos que era um mimo! :)

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  3. Parece-me que nem sempre os leitores sabem escolher o que lêem. Basta ver que JRS é o "escritor" mais mais vendido em Portugal.
    Um abraço e bom Domingo

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    1. Mas nós não gostamos das mesmas coisas, Elvira. E ainda bem.:)

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