Hoje quando ia para o café comecei a pensar (e a tentar desvendar...) como seria a minha vida, se pertencesse aos chamados grupos "minoritários", mesmo que muitas vezes até possam estar em posição de superioridade numérica - como acontece com as mulheres -, mas nunca em termos representativos ou de poder.
Percebi que se fosse homossexual (assumido) era olhado de lado na minha rua, no meu bairro e na minha cidade; só teria a vida facilitada se entrasse no chamado mercado do trabalho alternativo; não tinha os mesmos amigos, teria outros (menos...), diferentes. Ou seja, era mais facilmente "notícia" por uma questão que só a mim devia dizer respeito.
Entendi que se fosse "preto" era olhado por muita gente quase como se fosse um "fenómeno do entroncamento"; senti que sempre que existisse qualquer roubo e estivesse nas proximidades, era logo apontado pelo olhar dos outros como "culpado"; se tivesse o bom gosto de namorar uma branca gira, olhavam-nos como se estivesse qualquer coisa fora do sitio; e à partida não tinha todas as portas abertas no campo profissional. Infelizmente ainda há profissões que não são para "pretos"...
Deixei para o fim a questão mais complexa, ser mulher. O meu primeiro pensamento foi de que tinha a vida mais facilitada, era seduzida e bajulada naturalmente pelos homens, podeno "jogar" com isso, ao mesmo tempo que teria mais portas abertas em quase todas as áreas da nossa sociedade (esquecido do que estava por trás de todo este falso cavalheirismo...) . Provavelmente também tinha mais gente amiga. Mas depois lembrei-me que há poucas mulheres em lugares importantes no nosso país, as que exercem esses cargos são a excepção que confirma a regra. Que as mulheres que fazem o mesmo que os homens, recebem menos dinheiro. E nem entrei dentro das casas, nem quis pensar mais no assunto...
Pois é, o grupo "minoritário" que parecia ter a tarefa mais fácil, é, provavelmente, o mais complicado de todos...
(Óleo de Augusta Herbin)
Luís, primeiro quero dizer que gosto muito desse óleo.
ResponderEliminarSe fosses homossexual não tinhas os mesmos amigos? Retirando o facto de as várias circunstâncias fazerem com que encontremos pessoas diferentes, o que não me parece quereres referir, essa condição faria com que os teus amigos se afastassem?
Tenho a sensação de já ter dito isto aqui.
Creio que ao nível de sociedades como a nossa, excepto no que diz respeito à segurança e a certas profissões, poucas, não existem desigualdades expressivas entre homens e mulheres. Existem diferenças, o que não significa que exista discriminação.
Ter mais amigos pelo facto de se ser mulher?
À volta não vejo nada disso.
Claro que não, as amizades movem-se muito pelos gostos, Isabel.
EliminarE eu disse "se fosse homossexual assumido", o que tornava a coisa mais difícil. Embora eu não seja preconceituoso, olho o que se passa à nossa volta.
Ainda bem que não sentes discriminação, Isabel.
Mas em alguns empregos até existem patrões que dão a entender às funcionárias qual é a melhor maneira de subirem na profissão...
Quando eu dizia que teria mais amigos se fosse mulher, estava a ser irónico. Queria dizer que tinha mais gente atrás de mim, por razões óbvias.
As pessoas são mais preconceituosas do que imaginamos. Acha-se sempre que toda a gente aceita tudo, a diferença não é fácil de aceitar
ResponderEliminarbeijinhos Luís :)
Pois são, Glória.
EliminarNo melhor pano cai a nódoa...