quinta-feira, dezembro 17, 2015

A Nossa Crónica Jornalística


Embora a crónica seja quase sempre deitada fora com o jornal, tem um prazo de validade mais extensivo que as notícias do dia, e é por isso que muitas se juntam e acabam por se transformar em livros.

Isso também acontece porque sempre tivemos cronistas de alta qualidade (muitos deles literatos).

Se há jornalista que admire pela qualidade das suas crónicas, no nosso tempo, é o Ferreira Fernandes do "Diário de Notícias", que ainda por cima, escreve diariamente. Além da qualidade da sua escrita, está sempre em cima do acontecimento, com uma pertinência rara. Percebe-se que não escreve para ser simpático para ninguém e usa a ironia como poucos.

Ao seu nível estava apenas o saudoso Manuel António Pina, no "Jornal de Notícias", que também nos oferecia prosas diárias. Por ser poeta, talvez comunicasse com mais beleza, mas nunca deixava de dizer o que pensava.

Os outros cronistas, que na maior parte das vezes só escrevem uma vez por semana, estão a uma distância considerável do FF, por várias razões. Uma boa parte nunca despe a camisola e passa o tempo a fazer fretes políticos (é por isso que as suas palavras libertam muitas vezes um cheiro no mínimo estranho...);   outros são uma espécie de "pistoleiros", gostam de escrever sempre contra qualquer coisa, como é o caso do Vasco Pulido Valente, que ainda por cima é desonesto intelectualmente; há outros ainda escrevem para o espelho e gostam de bajular os que os  rodeiam (Manuel Sérgio é um bom exemplo...). Enfim, temos opiniões para todos os gostos.

Além dos já citados, gosto de ler o Pacheco Pereira, o Nicolau Santos e o Miguel Sousa Tavares. Embora nem sempre concorde com eles, gosto da forma como escrevem e também da sua coragem intelectual.

E como sou das culturas há ainda quatro cronistas que leio sempre: João Lopes, Pedro Mexia, Manuel S. Fonseca e Jorge Calado.

Apesar da falta de independência de muitos cronistas, a crónica continua a ser um dos bons exemplos de liberdade no jornalismo.

O óleo é de Douglas Grey.

7 comentários:

  1. Não leio muitas crónicas. De todos os citados, leio o Miguel Sousa Tavares. Já li duas ou três vezes o João Lopes. Muitas vezes o Lobo Antunes e sempre o Baptista Bastos quando ele estava no DN. Depois que saiu nunca mais li.
    Um abraço

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    1. O Baptista Bastos continua a escrever no "Jornal de Negócios", Elvira. E normalmente conseguimos ler as suas crónicas "on-line".

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  2. O Miguel Sousa Tavares ultimamente tem-me deixado algumas pedras no sapato...

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    1. Sim, Severino.

      Acho que houve uns quantos que ficaram confusos com a chegada ao poder do Costa. :)

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  3. Assino por baixo!

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