Podia ser uma cena surrealista. Poder podia, mas é a realidade que temos...
Eu escutava-o e pensava no martírio que é não ser muito saudável no nosso país.
Chegou as 13.30 e a sala de espera para as consultas estava com uma dúzia de pessoas, que foram sendo chamadas e daí a vinte minutos, era o único doente à espera. Depois foram chegando mais doentes, que eram chamados, enquanto ele continuava à espera, agarrado a um livro, que não lhe desviava a atenção para aquele quadro que o rodeava.
Quando a sala se voltou a esvaziar e só se encontrava lá ele e um velhinho acabado de chegar, levantou-se e perguntou à funcionária, se ele estava ali apenas para a sala não ficar completamente vazia. A senhora não percebeu o alcance da pergunta e ele então contou o "calvário" que já durava mais de uma hora, de se limitar a ver as pessoas a serem chamadas e a desaparecer, como se fosse eternamente o último de qualquer lista.
Quando a sala se voltou a esvaziar e só se encontrava lá ele e um velhinho acabado de chegar, levantou-se e perguntou à funcionária, se ele estava ali apenas para a sala não ficar completamente vazia. A senhora não percebeu o alcance da pergunta e ele então contou o "calvário" que já durava mais de uma hora, de se limitar a ver as pessoas a serem chamadas e a desaparecer, como se fosse eternamente o último de qualquer lista.
A senhora foi ver o se passava e daí a cinco minutos chamaram-no. Mas enganaram-se no nome. Ele sorriu para a funcionária e disse. «Fernando é o meu primo, mas vou aproveitar a vez dele, já estou farto de esperar.»
Claro que era mesmo a vez dele, mas trocaram-lhe o nome, nada que o preocupasse. O que queria era ver o hospital pelas costas. E tudo por causa de uma simples consulta de dermatologia...
O óleo é de Vieira da Silva.
Pois... Na quarta feira o mais que tudo tinha consulta de Pneumologia no hospital do Barreiro, marcada para as 9.30, mas antes ele foi fazer um RX e entretanto eu tirei a senha para a consulta e fiquei à espera da chamada ao guiché para efectivar a consulta. Quando chega a vez dele, lá vou para efectivar a consulta, e a menina diz-me que na Segunda à tarde a médica tinha caído, partiu uma perna e ia estar 3 meses pelo menos de baixa.
ResponderEliminarEntão e agora? - Pergunto eu
Agora espera que quando a médica regressar mandamos uma carta para casa - responde-me ela
E eu insisto: Então e não pode ser visto por outro médico?
- Não temos. Estão todos superlotados.
Resumindo. Viemos embora sem consulta. Felizmente ele está bem, é asmático, e a médica sempre faz uma consulta antes do Inverno para ver se precisa mexer na medicação. Mas e se estivesse em crise?
Um abraço e bom fim de semana
É uma vergonha, Elvira.
EliminarNão tenho qualquer dúvida de que voltou a morrer de Norte a Sul, sem assistência...
pois, é o sistema que temos...
ResponderEliminar:(
sim, Piedade, infelizmente. :(
EliminarSituação muito habitual, infelizmente. É o que temos e, da forma que ando pessimista, com tendência a piorar... o povo assim o deseja!
ResponderEliminarEspero que não, Graça.
EliminarPenso que a saúde e a educação não podem piorar mais.