sábado, dezembro 05, 2015

A Importância do Amor...


Por muito que se disfarce, a razão de toda a violência que nos rodeia, está sobretudo na ausência de amor. 

Por exemplo, por mais voltas que se dêem, se for feito o historial da maior parte dos jovens que se escaparam da Europa para a Síria, há de certeza vários pontos comuns. Uma infância e adolescência marcada pela discriminação e abandono (inclusive dos próprios familiares...), onde desde que começam a pensar, são despertados pelo sentimento de que estão a mais e que este mundo não é para eles. 

Estão a mais nas casas onde habitam, onde quase sempre mal cabe um casal, quando mais o tio a prima eles e os irmãos. Casal que é obrigado a trabalhar (quando têm trabalho...) de manhã a noite, para conseguirem alimentar toda aquela plebe... Estão a mais nas escolas onde são olhados de lado por todos, professores, colegas ou funcionários.

Percebem cedo que para calçar uns ténis ou vestir umas calças de marca, têm de os furtar, numa loja ou nos balneários da escola ou do clube desportivo. E que para conseguirem ser alguém na vida, é necessário, um golpe (dos grandes...) de sorte.

É assim que entram num circulo vicioso que os levará para o submundo do crime, onde só é possível escapar quase por milagre, que tanto pode surgir de uma vocação nata para o desporto, especialmente para o futebol ou para as poucas artes (uma voz única no mundo da música pode dar jeito para esta fuga...) abertas a quase todos...

A fotografia é de Elliot Erwitt.

9 comentários:

  1. Completamente de acordo!
    Lembro-me de ler, na imprensa online alemã, que o pai de um dos terroristas de Paris, morto pela polícia, terá dito qualquer coisa do género: ainda bem que o mataram! Ele não prestava, nunca prestou, era um bandido! Estou contente que tenha morrido, até que enfim!
    Está certo que ninguém gostaria de ter um filho terrorista, a cometer crimes abomináveis. E, ainda assim, o facto de saber que era um pai a falar do próprio filho caiu-me mal, muito mal.

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    1. Também não gostei nada de ouvir essas afirmações, Cristina.

      Como se ele não tivesse nada a ver com o filho, não tivesse a sua responsabilidade, nem que fosse pela ausência...

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  2. Acredito que a falta de amor seja o principal motivo. Depois a sociedade hoje, rotula as pessoas, não pelo talento , mas pelas marcas que usa. E é aqui que eu me torno saudosista, e lembro daquela palavra que todos os idosos usam. Antigamente.
    Antigamente, as pessoas vestiam o que tinham e ninguém era posto de parte se as calças estavam velhas ou os sapatos rotos. Hoje a pessoa até pode estar bem vestida, mas se a roupa não é de marca, já é olhado de lado, ou mesmo posto de parte. Criou-se um culto de certo consumismo que leva muitas famílias à falência.
    Um abraço e bom Domingo

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    1. Também acredito, Elvira.

      O ter e o ser (mesmo que sejam tudo aparências) impera...

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  3. Concordo inteiramente com cada palavra que escreveu!

    A falta de amor é , talvez, a maior causa da delinquência juvenil...Nenhuma criança que seja amada, mesmo sem viver na abundância, deixa de se sentir segura e feliz.

    Infelizmente, a correria e ausência dos pais em casa, deixam muitas crianças entregues a si mesmas, com todos os riscos que daí advêm.

    Tudo o resto é fruto da sociedade que transmite falsos valores, inspirados no preconceito da boa aparência e das roupas de marca.
    Nunca consegui perceber isso!

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    1. Tantas verdades, Janita.

      Esta coisa de toda a gente ter de ser famosa, ter bons carros, boas roupas, é a pior das utopias...

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  4. Hoje só há tempo para olhar para o telemóvel...basta olhar para o lado

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    1. Essa é outra questão, Severino, lateral a esta, mas não menos incomodativa, para nós de outras gerações.

      Da qual só daqui a uns tempos é que vamos ver o resultado. Talvez as pessoas deixem de comunicar olhos nos olhos...

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