quinta-feira, dezembro 24, 2015

Acontece "Natal"...


Natal

Acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.
Era gente a correr pela música acima.
Uma onda uma festa. Palavras a saltar.
Eram carpas ou mãos. Um soluço uma rima.
Guitarras guitarras. Ou talvez mar.
E acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.
Na tua boca. No teu rosto. No teu corpo acontecia.
No teu ritmo nos teus ritos.
No teu sono nos teus gestos. (Liturgia liturgia).
Nos teus gritos. Nos teus olhos quase aflitos.
E nos silêncios infinitos. Na tua noite e no teu dia.
No teu sol acontecia.
Era um sopro. Era um salmo. (Nostalgia nostalgia).
Todo o tempo num só tempo: andamento
de poesia. Era um susto. Ou sobressalto. E acontecia.
Na cidade lavada pela chuva. Em cada curva
acontecia. E em cada acaso. Como um pouco de água turva
na cidade agitada pelo vento.
Natal Natal (diziam). E acontecia.
Como se fosse na palavra a rosa brava
acontecia. E era Dezembro que floria.
Era um vulcão. E no teu corpo a flor e a lava.
E era na lava a rosa e a palavra.
Todo o tempo num só tempo: nascimento de poesia.

                                                       Manuel Alegre

10 comentários:

  1. Acontece sempre! Mas este foi diferente, nasceu Poesia!!
    Muito lindo...

    Um abraço, Luís!

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  2. Muito bem escolhido. Gosto imenso de Manuel Alegra.
    Um abraço e dias felizes

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    Respostas
    1. Tudo de bom para a Elvira e para os seus, para este 2016.

      abraço

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  3. Tão lindo, Luís! Não conhecia... Obrigada. Beijinho.

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