quinta-feira, dezembro 03, 2015

Uma Montanha à Frente do Cinema Português


A imagem do cartaz da primeira longa metragem do jovem cineasta português, João Salaviza (com quase todos os seus filmes anteriores premiados internacionalmente), é usada quase como uma metáfora (ou até paradoxo), para falar da crítica e dos preconceitos que existem em redor da maioria dos filmes portugueses.

Tenho acompanhado a troca de argumentos entre alguns críticos de cinema e o realizador Leonel Vieira, que não aceita que os seus filmes seguem o mesmo modelo das obras em que se baseou (pelo menos no título e no nome da maior parte das personagens...), com as habituais graçolas fáceis e a quase transformação das personagens em figuras de anedotas. Atira para cima dos críticos com o seu recorde de espectadores, mais de 600 mil, como se isso fosse reflexo de qualidade artística e cinematográfica.

Quando o "Pátio das Cantigas" esteve em exibição,  não fiz qualquer juízo crítico aqui no "Largo", mas referi que nunca tinha visto uma campanha publicitária tão forte e intensa, sobre um filme português.

Não fui ver. Não me apeteceu. Como não irei ver o "Leão da Estrela". Posso estar a ser preconceituoso, nada que me incomode. As poucas vezes que vou ao cinema é para ver filmes que me façam pensar, que me ofereçam dúvidas e  ideias, e claro, vontade de escrever sobre mil e uma coisas, por vezes distantes do filme.

E vou mais longe, se existe algum preconceito cinéfilo entre nós, é com os filmes de qualidade portugueses. É a explicação óbvia para que o primeiro volume das "Mil e Uma Noites" de Miguel Gomes só tenha tido 32 mil espectadores. O mesmo se irá passar cm a "Montanha", de João Salaviza, que só merecem a atenção dos críticos da especialidade, não nos invadem a casa, em todos os canais generalistas, como sucedeu com o "Pátio das Cantigas"...

Era bom que as pessoas de vez enquanto resolvessem pensar com a sua cabeça (também serve para isso...), porque a vida está longe de ser uma comédia. Embora saiba que a política social preferida de qualquer poder (local e nacional) é o "não-pensamento", porque os gajos que pensam são uns chatos do caraças, até implicam com a cor amarela do carro do vereador de qualquer coisa.

4 comentários:

  1. Aqui está um assunto onde me sinto mais agoniada que peixe fora de água. Há tanto tempo que não vou ao cinema. às vezes até gostava de ir ver um ou outro filme, mas não tenho companhia e aborrece-me ir sozinha. O marido até acompanhava se eu lhe dissesse. Mas,nós temos gostos totalmente opostos. O filme capaz de entusiasmar um, é capaz de pôr o outro a dormir. Rsrsrs. Deste modo, nem devia comentar este post.
    Um abraço

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    1. Claro que devia, Elvira.

      Deve haver um género de filme que gosta...

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  2. Também não vi, mas confessou-me alguém que foi ver (e em quem confio) que "O PÁTIO DAS CANTIGAS" é uma ofensa ao verdadeiro, ao genuíno e maravilhoso PÁTIO DAS CANTIGAS.

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    1. Pois, esse é o problema dos "remakes", Severino.

      Embora neste caso o uso do nome do filme e das personagens é mais uma manobra publicitária.

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