Embora fosse criado como espectáculo de diversão, o cinema não desperdiçou a oportunidade se se tornar um dos melhores "espelhos" da sociedade. Claro que não é um espelho qualquer, já que não dispensa a possibilidade de utilizar alguns "pós mágicos". Ao fazer esta comparação, pensei na saudosa sala dos espelhos da Feira Popular que quase todos visitámos e fazia o que queria dos nossos corpos.
É por isso que não devemos exagerar quando falamos na exploração que foi feita da beleza feminina, um dos alvos principais da indústria do cinema desde sempre, mais evidente na primeira metade do século XX (também aqui, espelha a nossa sociedade, feita à imagem do homem...).
E era explorada de muitas maneiras. Ava Gardner na sua autobiografia fala-nos da forma como foi vitima dos estúdios, não só pelos contratos longos com que "prendiam" os actores, nem sempre bem pagos (ela chegou a ser "alugada" a outros estúdios para fazer parte do elenco de outros filmes, por um valor 20 vezes superior ao seu ordenado). Outro aspecto não menos importante era a pouca liberdade que existia na escolha dos papeis que lhes vinham parar às mãos.
Não foi apenas uma nem duas actrizes, que chegaram ao final das suas carreiras, com a sensação de nunca terem representado o "papel das suas vidas". Sei que isto também pode acontecer com os actores, mas de certeza por motivos mais distantes da beleza física.
Olhando para o que se passa nos nossos dias, percebemos que as coisa não mudaram assim tanto. A mulher continua a ser um "objecto de adoração" (e com a componente sexual ainda mais presente...).
Mas de certeza que tem mais liberdade na escolha dos seus papeis (pelo menos as grandes actrizes), até porque não se explora tanto a "fábrica de musas" (nos anos quarenta e cinquenta quase todos os dias se descobriam bonecas, para rivalizarem com Ava Gardner, Rita Hayworth, Joan Fontaine, Lauren Bacall, Grace Kelly, Ingrid Bergman, Ginger Rogers, Vivien Leigh, e tantas outras).
Um dos bons exemplos (quase a regra que confirma a excepção), de quem sempre recusou esse papel de adoração, é Jodie Foster, que consegue ser uma brilhante actriz, sem precisar de recorrer aos tradicionais jogos de sedução da sétima arte.
E fico-me por aqui, com a sensação de que ainda haveria tanto por dizer...
Escolhi esta imagem, com a Anita Ekberg e o Marcello Mastroianni, de "La Dolce Vita", porque simboliza muito bem o papel da mulher no cinema.
Escolhi esta imagem, com a Anita Ekberg e o Marcello Mastroianni, de "La Dolce Vita", porque simboliza muito bem o papel da mulher no cinema.
Algumas actrizes têm liberdade de escolha, mas só depois de mostrarem o seu talento. Outras nunca atingem esse fim. Outras nem chegam a ser reconhecidas... É como tudo na vida, Luís.
ResponderEliminarUm abraço.
Como não entendo muito do tema, deixo um abraço e votos de uma boa semana
ResponderEliminarsim, o cinema é como a vida, Graça...
ResponderEliminarabraço, Elvira.
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