quinta-feira, março 06, 2025

Talvez elas se sintam mais úteis ao mundo...


Estava a passar e fingi que não vi, quatro miúdos, aliás duas miúdas e dois miúdos, a fumarem erva e com uma vontade enorme de provocar quem passava, no quase carreiro que percorro todos os dias, a poucos metros da minha casa.

Não deviam ter muito mais de catorze anos. Ou então tinham ficado pequeninos. 

Passam por ali centenas pessoas, diariamente, mesmo assim eles fazem questão de "marcar aquele território" como seu, a fumar coisas aromáticas e a falar alto, e não num lugar mais recatado (existem vários a poucas dezenas de metros...). 

Sem que tivesse muito a ver com o assunto, lembrei-me de duas amigas, professoras, que continuam a dar aulas no Monte de Caparica, nas escolas que acolhem a juventude que habita no famoso Bairro do "Picapau-Amarelo". 

Dão aulas há bastantes anos, podiam ter mudado de escola, mas nunca o fizeram. Nunca lhes perguntei porquê.

Talvez gostem de ser desafiadas diariamente, pelos rapazes e raparigas, a quem a vida (e a sociedade...) obriga a terem comportamentos diferentes, mesmo que tenham os mesmos sonhos dos "meninos" e meninas", com menos rua e mais atenção dos pais... 

Quando estiver com elas, vou perguntar-lhes, mesmo que pense saber "bocados" das suas respostas...

Sim, talvez no Monte algumas coisas façam mais sentido, talvez elas se sintam mais úteis ao mundo...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


6 comentários:

  1. Tenho uma filha professora e lembro-me da sua estreia na Charneca do Lumiar, já lá vão uns bons 30 anos!

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    1. Os começos são sempre uma aventura, "Tintinaine".

      E aprendemos sobretudo com os erros, que fazem parte da nossa essência.

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  2. Imagina se elas não estivessem lá, porque tenho a certeza que fazem muito por essa miudagem!

    Abraço

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    1. Acredito que sim, Rosa.

      Sabem que são uma espécie de "âncora", quando olham atentamente para o mundo que as cerca...

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  3. Está a ser uma realidade perigosa o aumento do consumo de droga.
    Tudo de bom.
    Um abraço.

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    1. Pois está, Graça.

      Estamos a andar para trás em quase tudo...

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