sábado, março 22, 2025

Encontro na cidade quase deserta...


As mesas e as cadeiras mantiveram-se em cima umas das outras, mais um dia, nas duas esplanadas que fazem concorrência ao vazio, na Gil Vicente.

Compreende-se: faz sol, depois frio, chove, o vento está por aí, algures, atrás de uma nuvem, dá um sopro ou dois e depois esgueira-se, para outra rua. 

As pessoas ficam por casa, mesmo que seja sábado à tarde. Hoje não é dia do "chá das velhas"...

Foi por isso que gostei de ver o Carlos Alberto, com os seus quase noventa anos, a caminhar em direcção a casa, depois de beber a bica no café que fica ao lado do meu. Gosto do serviço mas a bebida escura é fraquita pelo que vou à concorrência.

Não foi difícil apanhar o Carlos, com o seu andar lento, apoiado com uma canadiana. Disse-lhe que gostei de o ver, sem medo de ser levado pelo vento. Ele sorriu e disse que, tem de ser, tem de sair de casa, todos os dias, nem que seja apenas para beber café...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


4 comentários:

  1. Tenho um tio a caminho dos 97 que diz o mesmo!
    Já eu sou mais casa, mesmo tendo aqui um café no rés do chão! :))

    Abraço caseiro

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    1. Mas faz bem olhar o mundo, Rosa, mesmo com todas as suas contradições.

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  2. Que consiga sair por muito tempo esse seu amigo.
    Um abraço.

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    1. Pelo menos o tempo possível, e que continue a sentir-se vivo, Graça.

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