quarta-feira, março 26, 2025

As mudanças raramente acontecem de um momento para o outro (as revoluções não contam...)


Há mais de vinte anos, um homem bastante lúcido, com um conhecimento profundo dos corredores do poder e também com passado jornalístico, fazia um retrato fidedigno do que já se estava a passar nos jornais (a rádio e a televisão vieram a seguir...).

«Existe uma sociedade livre, plural e aberta quando há condições políticas e institucionais para isso. Não existem, nos jornais, empresários de esquerda, por isso temos a imprensa que temos. Vivemos numa sociedade em que a liberdade de imprensa não está a ser posta em causa directamente, mas é largamente condicionada. Não há dúvida de que a concentração em determinados grupos económicos poderá causar um cenário de gravíssimo condicionamento, o que não configura uma situação de violação das regras democráticas, porque se alguém quiser fazer um jornal de esquerda, é livre de o fazer. Pode é sempre dizer-se que essas coisas custam dinheiro, e o dinheiro está mais de um lado que do outro.»

Estas palavras são de António Mega Ferreira, quando foi entrevistado para o "D. Notícias" (curiosamente a principal vítima dos "abutres" nas duas últimas décadas...), em Novembro de 2002.

Infelizmente, vinte e dois anos e alguns meses depois, as coisas estão muito pior. Os "patrões" além de escolherem os directores que mais lhes convêm, também convidam os comentadores que mais defendem os seus interesses. O chamado pluralismo, é cada vez mais "uma treta".

Onde se nota mais a dualidade de critérios é na televisão, onde cada vez há menos espaço para a esquerda.

Por este "Largo" ter memória, nada disto aconteceu de um momento para o outro. Tem sido um processo lento, mas bastante eficaz...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


2 comentários:

  1. A entrevista a Paulo Raimundo por José Rodrigues dos Santos é um bom exemplo do que dizes.

    Abraço

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    1. Acho que o problema foi mais o entrevistador querer ser a "vedeta" da conversa, Rosa...

      É muito mau quando se perde a noção do ridículo.

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