domingo, março 02, 2025

O fim da utopia do empresário "bom samaritano"


Parece que estou a ouvir o meu amigo Orlando, a usar a sua ironia, por vezes demasiado fina e inteligente, ao ponto de não ser entendida por todos. «Estás a ver esta camisa? Gostas dela? Foi uma oferta do meu patrão.» 

Ele dizia coisas deste género, sempre que ouvia alguém a defender o indefensável. Sim, de vez enquanto ouvia-se um trabalhador com posições mais próximas dos patrões que dos operários. Só faltava chamar-lhes, "pobres coitados"...

O mundo mudou bastante. É possível dizer hoje, publicamente,  coisas que antes só se diziam em círculos muito fechados, com gente de inteira confiança, mesmo ao mais alto nível.

É por isso que atitudes como a do presidente americano, em relação à Ucrânia, ou a do nosso primeiro-ministro, em relação à sua actividade empresarial, ajudam-nos a perceber como funciona o verdadeiro empresário. Ele olha para tudo o que o rodeia, sempre com uma finalidade maior: a possibilidade de obter lucro, de retirar dividendos pessoais.

Pois é, o populismo dos nossos dias, também tem coisas perversas. Por vezes o "feitiço vira-se contra o feiticeiro". Uma delas parece ser o fim da utopia do empresário "bom samaritano"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


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