domingo, janeiro 28, 2024

Os poetas, os leitores, os editores e a poesia...


Nunca acreditei muito na expressão, "somos um país de poetas", até por saber que a frase é dita muitas vezes de forma irónica, para se referir a quem vive uma vida com "demasiada poesia", mesmo que nunca tenha escrito ou declamado um poema.

Mas do que eu queria mesmo escrever, era sobre os verdadeiros poetas, que se fazem entender de formas diferentes, normalmente mais estranhas e difíceis que qualquer prosador que se preze.

E também por isso mesmo, que se diz que há mais gente a escrever poesia que a lê-la. É apenas mais uma outra frase, que tem muito que se lhe diga, e da qual nunca recolhi qualquer prova que fosse verdadeira.

Talvez a poesia não se venda muito e as tiragens das suas edições sejam pequenas. Mas isso acontece porque ainda há quem continue a ter vergonha de comprar livros de poesia. Eu conheço alguns desses rapazes que acham "um desperdício" gastar dinheiro com poemas. Preferem requisitá-los em bibliotecas ou então pedi-los emprestados a amigos (às vezes tenho de fingir que não tenho um ou outro livro, para não correr o risco de o perder de vista...).

Lá estou em a "pintar a manta". A única coisa que queria dizer, é que a poesia, pode não ter muitos leitores, mas tem, sem qualquer dúvida, as melhores colecções de livros com poemas, pelo menos no nosso país. Não há uma editora que não se tenha dado ao luxo, ao longo dos anos, de criar uma grande (não em tamanho mas na qualidade dos autores...) colecção de obras com poesia.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


8 comentários:

  1. O mercado também aqui não é muito grande.
    Gostar de poesia requer uma sensibilidade que muitos não têm.
    Ter vergonha de comprar livros de poesia nunca conheci ninguém que a tivesse. Quando era estudante conheci muitos colegas que adoravam ler poesia. Outros diziam gostar porque queriam projetar, ou melhor, queriam ser conhecidos como sendo detentores de faculdades intelectuais.
    Não foi há muito tempo que li sobre empréstimos de livros das bibliotecas e remuneração dos escritores. E tive curiosidade porque apenas leio livros emprestados pelas bibliotecas e, essencialmente, digitais.

    Em 1946 foi estabelecido um programa na Dinamarca, conhecido como “Public Lending Right” – Direito de Empréstimo Público” . O Canadá foi o 13º país a oferecer o mesmo tipo de programa, em 1986.

    Procurei e encontrei este artigo em português que vais gostar de ler, de setembro de 2022:

    https://patriculaelementar.wordpress.com/2022/09/14/os-direitos-de-autor-dos-livros-que-estao-nas-bibliotecas/

    A meio do artigo:
    No Canadá, onde esse problema já está resolvido há muito tempo, existe uma Comissão do Direito de Empréstimo (Public Lending Right Commission) que monitoriza o número de exemplares de cada livro que é disponibilizado pelas diferentes bibliotecas do país. Com base nessa informação, os autores recebem um valor anual, pago pelo Estado, que os ressarcia pelas cópias das suas obras que são emprestadas pelas bibliotecas. Esta medida aplica-se a vários tipos de livros: livros de auto-ajuda, guias turísticos, livros de culinária, obras técnicas, jurídicas, médicas, sobre pedagogia, ou contabilidade, ou finanças, dicionários, enciclopédias, catálogos, edições institucionais, livros sobre empresas, monografias, livros escolares, livros para crianças, e, claro, obras de ficção literária, ensaios, biografias, livros de teatro, poesia.

    E termina assim:

    Portugal tem muito a aprender com este modelo de protecção dos direitos de autor que é também uma forma de apoio indirecto à actividade dos autores.


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    1. Muito me contas, Catarina.

      Em muitas coisas, não conseguimos sair do "III mundo"...

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  2. Ao que escreveu só acrescento que os leitores de poesia podem ser poucos, mas são bons...
    Tudo de bom, meu Amigo Luís.
    Uma boa semana.
    Um abraço.

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    1. Pois são, Graça.

      Além de lerem, muitos gostam de dizer...

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    1. Eu também. Há por ali algo de mágico, Rosa. :)

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  4. Gostei da crónica.
    Desde sempre, escrevi poesia, gosto de poesia e na minha mesa de cabeceira tenho sempre um livro de poesia que à noite, geralmente leio um poema.
    Lembro de escrever poesia já quando andava no ensino básico, e quando a minha professora da época leu alguma coisa, ficou admirada que tivesse sido eu a escrever.
    Gostei da foto da Casa da Cerca.
    Boa semana.
    :)

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    1. Também gosto de poesia e de vez em quando escrevo poemas (quando eles aparecem...), e gosto de conhecer poetas e poemas bons, Piedade. :)

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