sexta-feira, janeiro 26, 2024

A "arte de desconversar"...


A "arte de desconversar" é comum a todos nós, por várias razões. A mais forte talvez seja o facto de não conseguirmos gostar e de concordar com toda a gente. Sim, fugimos de consensos quando não existe empatia com o outro, em vez de nos aproximarmos, vamos criando uma barreira invisível entre nós, que nos vai mantendo quase sempre afastados daquilo que poderia ser uma boa conversa.

Mas também podemos "desconversar" com quem gostamos. Há pessoas que nunca ultrapassam a fase dos "porquês" e raramente são afirmativas, questionam tudo e todos. E nem sempre temos paciência para elas...

Estou a lembrar-me neste momento do Jorge, filósofo de formação e ofício, que não era capaz de ter uma conversa simples. Tinha sempre que complicar as coisas, olhar e ver o que mais ninguém via. 

Ao contrário de outros amigos, que assim que o viam aproximar-se, eram capazes de pegar num jornal ou num livro, que estivesse ali à mão, só para não o "aturarem", conversava com ele, às vezes até lhe "dava corda" (ele adorava ser contrariado, ao contrário de quase todos nós...). E no final aprendia sempre alguma coisa. 

Fazia-o também por saber que ele vinha propositadamente da Lisboa das avenidas, para o nosso café tertuliano, para estar connosco. Nem me incomodava que ele durante a viagem de cacilheiro até à nossa banda, fosse menino para inventar um tema qualquer, só para nos fazer "saltar os neurónios"...

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)


2 comentários:

  1. Desconversar às vezes dá muito jeito!

    Abraço

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    1. Também. Afasta-nos do "centro das conversas", Rosa. :)

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