sábado, janeiro 08, 2022

«Deixa-te de mitologias. Não há, nem nunca houve, uma idade certa para escreveres o que te apetecer.»


Já tinha saudades de estar alguns minutos numa esplanada a saborear um café e a ouvir, as quase "filosofices", de dois amigos das culturas.

O tempo não tem ajudado muito, muito menos este vírus, que se vai "transvestindo" e continua a atacar pela calada do dia (a noite agora não é de ninguém...). Eu pelo menos não me sinto confortável a fazer sala no interior dos cafés, prefiro as esplanadas, que dificilmente sobrevivem à chuva e ao frio invernosos...

Mas quando o Sol aparece, os rostos mudam logo de semblante...

O Jorge estava mais nostálgico que o costume e fazia "contas à vida". Meio a sério meio a brincar, disse que só não começava a escrever as "memórias", porque ainda não tinha chegado aos 65 anos. Acrescentou que de há uns tempos para cá, era visitado com alguma frequência por algumas pessoas que conhecera e episódios que vivera... ao ponto de ter começado a registar, num pequeno caderno, coisas que achava que valiam a pena ficar escritas.

O Manuel disse que ele fazia muito bem em escrever sobre as pessoas e a sua vidinha, mas sem estar preso a "convenções parvas", acabando mesmo por dizer: «Deixa-te de mitologias. Não há, nem nunca houve, uma idade certa para escreveres o que te apetecer.»

Claro que o Manuel estava a aligeirar a questão. Só depois dos cinquenta é que a memória se começa a tornar mais nítida, começamos a olhar para o que vivemos de outra forma. O que falta muitas vezes é vontade (sem esquecer a arte e engenho...) de as colocar no papel...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


4 comentários:

  1. Boa tarde
    Al ler esta publicação, não pude deixar de pensar numa série de poemas ou rimas como eu lhe chamo pois de poeta não tenho nada . É que apenas alguns familiares e amigos são sabedores destas minhas habilidades . Como também já estou quase nos 65 talvez um dia destes pense em fazer algo que possa dar mais conhecimento sobre esses meus feitos.

    JR

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    1. O Manuel está certo, Joaquim.

      Não esteja à espera dos "65". :)

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  2. Aos poucos fui perdendo a vontade de escrever, praticamente não tenho nada de interessante a dizer.
    Conversas em esplanadas não fazem parte deste meu tempo cada vez mais recolhida. A pandemia, a dispersão numa terra que passou de uma esplanada para várias dezenas e o frio também não ajudam.

    Abraço

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    1. Mas o isolamento é terrível, Rosa.

      Espero que pelo menos continues a ler livros. :)

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