Mas o que achei mais estranho foi estarem a conversar sobre a profissão que costumam dizer ser a "mais velha do mundo" (nunca percebi muito bem porquê...).
Uma das mulheres fingia não perceber o porquê de as pessoas venderem o corpo. Não valia de nada falar em "mercado" ou "comércio", na existência de oferta ou de procura. Preferiu sim, dizer que as mulheres eram mais uma vez vítimas do mundo dos homens, onde o normal eram serem exploradas e humilhadas.
Foi quando ele disse que lhe fazia muita confusão, aquela história das mulheres vítimas dos homens, nos dias de hoje, em que a figura do "proxeneta" quase que desapareceu. Se deixar que o interrompessem acrescentou que se os homens pagavam para ter sexo e as mulheres recebiam o preço acordado, não conseguia ver aqui nenhuma exploração, muito menos vítimas. Era apenas negócio.
As mulheres continuavam a não aceitar a situação, muito menos o negócio. E eu sai como entrei, sem oferecer uma palavra que fosse à discussão...
(Fotografia de Luís Eme - Algarve)
«não conseguia ver aqui nenhuma exploração, muito menos vítimas. Era apenas negócio.»
ResponderEliminarTomando um pouco de recuo em relação ao tema, desde quando é que um negócio exclui, por si, a exploração? Aliás, aproveitando a deixa, desde quando é que o sistema capitalista tem algo a ver com exploração?
É verdade, Miguel.
EliminarMas é sempre difícil ver quem é o explorador e o explorado. Pela lei do mercado quem vende é que usufrui do lucro...
Visto a frio até tem razão mas há vidas por detrás de cada mulher que vende o corpo.
ResponderEliminarAbraço
Claro que há, muitas vezes histórias bem dramáticas, Rosa...
EliminarBoa tarde
ResponderEliminarSeja profissão, exploração ou por mera vontade própria, não devemos fazer juízo de quem optou por essa vida, pois cada caso é diferente do outro e por vezes muito difíceis de diagnosticar.
Haja respeito.
JR
Pois não, Joaquim.
EliminarNão é por acaso que há a mania de lhe chamar "a mais velha profissão do mundo"...
Eu não estou muito por dentro desta realidade, mas ouço dizer que há mulheres que são obrigadas a fazer isto por homens.
ResponderEliminarSeja como for, na minha opinião esta actividade não deveria existir. O sexo é gratuito, ninguém devia receber dinheiro por isso, nem pagar. Sexo é como amor, amor não se compra, amor com amor se paga, não é assim? Então o sexo é partilha também, deve ser feito de acordo mútuo, com respeito e com doação de cada um. Que piada tem para um homem estar com uma mulher e saber que ela está ali só por dinheiro? Que tipo de prazer isso dá? Vendo por outro prisma, se calhar os explorados são os homens que estão a pagar por algo que é gratuito.
Num mundo perfeito seria assim, Micaela.
EliminarMas há quem (de parte a parte) prefira "comprar" em vez de "partilhar".
É muito difícil dizer o que quer que seja, até porque para algumas mulheres o corpo a única coisa que têm para ser "transacionado", num mundo desenhado pelo homem...
Tem razão Luís,
EliminarPor isso é que eu lamento esta realidade, mas não julgo.
«Pela lei do mercado quem vende é que usufrui do lucro...»
ResponderEliminarEntão, o mineiro ou o operário que (é obrigado a) vende(r) a sua força de trabalho - nos moldes impostos por outrém - não é explorado?... :)
O capitalismo é mais bem caracterizado pela criação de monopólios do que pelo mercado. O mercado é muito anterior ao capitalismo e todo o capitalista que se preze faz tudo para não ter com quem competir. O mercado pré-capitalista não era essa rede abstracta cujos nodos são indivíduos atomizados; pelo contrário, o mercado estava então encastrado na sociedade, isto é, fazia parte de um processo social mais vasto que não se reduzia a relaçõs puramente comerciais.
Não é comparável, Miguel.
EliminarQuem trabalha por conta de outrem, tem de se sujeitar às condições que lhe são oferecidas.
(concordo com a caracterização do capitalismo)