quinta-feira, outubro 01, 2020

«Há bonecos que que não mostro a ninguém»


Provavelmente não devia falar em "visita guiada", porque é muito mais que isso. Falo de encontros com amigos artistas, que tanto podem acontecer durante uma das suas exposições, em horas mortas, como em visitas aos seus ateliers. que nos permite falar sobre tudo e mais alguma coisa.  Pois é, se for no espaço do artista é coisa para durar duas, três horas, e ser quase uma "viagem pela sua vida artística"...

A última aconteceu na semana passada. Além dos quadros pendurados pela casa e no sótão (o local de trabalho...), tinha caixas e pastas cheias de desenhos, guardados por temas. Fiquei surpreendido pela positiva. Havia tantas coisas bonitas que ele achava banais... 

Sempre achei graça ele referir-se aos seus desenhos como "bonecos".

Talvez possa ser uma defesa, mas eu gosto de pensar que é uma maneira descontraída e engraçada de se referir aos desenhos que faz quando lhe apetece (faz questão de não desenhar todos os dias, mas apenas quando as mãos "lhe dançam"...).

Desta vez falou-me das pastas que estavam mais fora de mão e disse: «Há bonecos que não mostro a ninguém.» 

Quis saber porquê. Foi sincero, falou de algum pudor e também de secretismo. Acrescentando: «Há bonecos que fazemos que não são para mostrar. Uns são quase estudos, outros são muito pessoais.»

Foi quando abriu a pasta com alguns dos seus nus. Achei-os um espanto. Foi bom ele ter feito uma excepção.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa, Museu Júlio Pomar)


4 comentários:

  1. Não admira. A arte é como um filho e não andamos mostrando os filhos a toda a gente.
    Abraço e saúde

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  2. Há nus na Arte que são belíssimos.
    Teno uma amiga que os expõe no FB sem qualquer problema.

    Abraço

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