quarta-feira, setembro 30, 2020

"A Geração Melhor Preparada"? (olhe que não, olhe que não...)


A SIC está a transmitir, dentro do telejornal,  um jeito de reportagem um conjunto de episódios sobre a vida dos jovens que têm entre os 15 e os 25 (curiosamente os meus dois filhos pertencem a esta geração, o que me permite falar sobre ela, com algum conhecimento de causa, apesar de só ter dois exemplos como "amostra"...), em que destaca este grupo como a "geração melhor preparada".

Não só não sei muito bem o que é isso, como tenho algumas dúvidas que se possa chegar a um consenso sobre a existência de uma "geração melhor preparada", porque isso depende sempre de vários aspectos. E sei que nos últimos 30 anos, graças à melhoria da oferta do ensino superior, tem existido uma melhoria qualificativa e quantitativa ao nível do conhecimento e da nossa capacidade profissional. 

Embora saiba que a televisão joga muito com frases fortes, para captar a nossa atenção, penso que este grupo poderá quanto muito vir a ser aquele que tem com mais habilitações literárias e melhores conhecimentos tecnológicos. Mas depois falta tanta coisa importante... Coisas que eles nem se preocupam em saber ou conhecer, porque existem os "motores de busca", que têm o mundo lá dentro e dão quase todas as respostas que precisam.

Particularizando esta geração, uma das coisas que me faz mais confusão nos meus filhos é a sua "falta de vocabulário". É normal perguntarem-me o significado desta ou daquela palavra (e sem ser das "difíceis" e com pouco uso). E também têm muita falta de cultura geral. Se recuarmos apenas dez, quinze anos, noto que não conhecem músicos, actores, e nem vou falar de escritores, políticos ou poetas (os mais populares). Muito menos alguns dos acontecimentos históricos mais relevantes.

Claro que sei que nunca como hoje o que aconteceu ontem, é passado. É espalhada tanta informação, que é humanamente impossível possuir os conhecimentos que eu e as gerações anteriores à minha tínhamos. Sem ir mais longe, fico-me apenas pela nossa geografia, pela localização e especificação das nossas terras e regiões. Se eu posso dizer que conheço o país de Norte  a Sul, eles terão alguma dificuldade em situar uma cidade ou uma vila, num mapa em branco, sem o apoio da tecnologia, mesmo que o conheçam fisicamente (felizmente pudemos mostrar-lhes muito mais do país, do que os nossos pais a nós...).

(Fotografia de Luís Eme - Beira Baixa)


2 comentários:

  1. E nunca mas munca houve tanta informação (inversamente proporcional ao conhecimento que possuem).

    Dificil mas muito dificilmente conseguirão decifrar a frase inicial.

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    1. É muito complicado gerir tanta informação, Severino. Não há "máquina" que aguente...

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