Posso - e devo - falar da Madeira por pelo menos três motivos.
O primeiro terá de ser sobre esse grande jornalista que amava o cinema: Vicente Jorge Silva. Mesmo que hoje seja mais fácil dizer bem que antes de ontem, porque a morte ameniza todas as coisas feias e más de quem parte... Devo acrescentar que neste caso é ligeiramente diferente, porque o "jornalista-cineasta", nunca quis ganhar nenhum prémio de simpatia. Curvam-se perante o Vicente, porque ele foi sem sombra de dúvida um dos poucos jornalistas que fizeram a diferença no nosso pequeno mundo das notícias, nos últimos cinquenta anos. Isso aconteceu por por muitas razões (encheram as páginas dos jornais de ontem...), embora eu só escolha três: por ser extremamente culto, gostar da verdade e ser sempre um cidadão livre.
O segundo foi a surpreendente tentativa de trazer para a nomenclatura dos candidatos à eternidade, como nome de aeroporto, o poeta Herberto Helder. Só podia ser uma coisa poética e de um poeta (Cláudio Hochman), publicada no excelente blogue, "Cais do Olhar". Quem conhece bem a personalidade de Cristiano Ronaldo e conhecia o pensamento de Herberto Helder sobre homenagens, sabe que ao sorriso de alegria do primeiro, corresponderia uma careta feia do poeta...
E o terceiro motivo volta a ser Cristiano Ronaldo - que é muito mais que um boneco - e os seus dois bonitos golos que marcou na Suécia que fizeram que fosse o primeiro europeu a ultrapassar a barreira dos cem golos com as cores de uma selecção nacional.
Escolhi o título deste texto por saber que Ronaldo desde muito cedo quis ser um "Deus Sol", ao contrário de Vicente Jorge Silva e de Herberto Helder, que apenas quiseram ser muito bons naquilo que faziam (e conseguiram...), sem nunca precisarem de qualquer foco de luz, mesmo solar, a incidir sobre as suas cabeças...
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)
Uns querem atingir o nirvana, serem bons. Outros querem isso - o Cristiano quis isso e conseguiu isso, mas motivado pelas razões erradas. Ele queria o vedetismo, ser o maior para "ensinar" quem lhe disse que isso era impossível. Ter um ferrari porque lhe disseram que nunca ia ter um. Ter fãs, ser vedeta. Outros querem ser bons, mas dispensam a notoriedade.
ResponderEliminarNeste mundo de hoje é muito difícil conhecer alguém assim. Elas existem, mas não se ouve falar dessas pessoas, porque a notoriedade não lhes atrai.
FIcam as Cristinas Ferreiras e os ROnaldos. Nada contra, nada a favor. Cada qual sabe de si. Mas quero sublinhar apenas isto: ambos queriam - e muito - chegar à Ribalta.
Há almas que precisam disso. Outras não.
É uma questão de temperamento.
Eu não digo que tenha sido motivado pelas razões erradas, "Portuguesinha", foram as razões dele... e continua a ter objectivos para cumprir.
EliminarHá pessoas demasiado competitivas, querem ser as "números uns"...
É mesmo uma questão de temperamento.