Acho que o pior efeito da pandemia é o afastamento físico, quase forçado, dos outros. Fala-se muito da ausência do abraço e do beijinho, mas o olhar, o sorriso e a voz - sem filtros - não são menos importantes...
Bebemos um café juntos na esplanada onde o Carlos noutros tempos, quase que tinha mesa marcada. Falamos de muitas coisas. Ele como de costume contou-me um ou outro pormenor de um amor antigo (não fiz nenhum estudo, mas tenho quase a certeza que os solteirões falam muito mais de amor e de mulheres que os casados...). E sempre que passava uma moçoila bonita perto de nós ele olhava. Reparei que ele desta vez limitou-se a olhar, não disse nada do género, "que bem que faz lavar os olhos com coisas bonitas".
Fui eu que quis saber (quis mesmo...), qual a explicação que ele me dava, dentro da sua sapiência de quase oitenta outonos de vida, para esta nossa quase necessidade, de olhar para as mulheres quase sempre ao pormenor, em busca de mais do que aparece à vista.
Ele não precisou de muito tempo para responder: «Somos por natureza curiosos e gostamos de olhar para o que não temos.»
Não estava à espera daquela explicação. Mas talvez tivesse alguma lógica e seja sobretudo a curiosidade que faz com que os olhos queiram ir mais longe que nós.
Sim, são tantas vezes que nos apanham distraídos e olham para onde não devem...
(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)
Desde sempre observei a diferença na forma como os portugueses (e outros latinos) olham para as mulheres em comparação com os "canadianos", tanto os mais velhos como os mais jovens. E ao longo de todos estes anos, nada mudou.
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Talvaz gostemos mais das mulheres que eles, Catarina. :)
EliminarBoa explicação, a do teu amigo. Que continue a olhar para as mulheres que passam por muito tempo e com gosto...
ResponderEliminarUma boa semana com muita saúde, meu Amigo Luís
Um abraço.
É bom olhar, Graça. :)
EliminarJá o grande Variações dizia "eu só quero estar onde não estou..."
ResponderEliminarE sabia o que dizia, Severino. :)
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