«Podemos gostar e não gostar, quase ao mesmo tempo, de coisas, de pessoas...»
Eu sabia. Mas acho que nunca o tinha dito, com tanta nitidez. Foi preciso a conversa ficar mais densa, mais profunda, para aceitar, mais uma vez, as contradições que vivem dentro de nós...
Falávamos de livros e de escritores. Saramago e Lobo Antunes acabaram por centrar a nossa conversa. Ambos estávamos de acordo no essencial: Saramago era um "escritor da planície" e Antunes "um escritor das colinas". Sim, Saramago ou se gosta ou não se gosta. Não há meio termo. A sua biografia não engana. Já Lobo Antunes, tem muitas mais nuances. E foi por isso que, mesmo sem o Nobel, foi ele o centro da nossa conversa...
Quando eu disse que gostava do escritor que fala das correcções que faz, do muito que corta, por as suas primeiras versões serem distantes daquilo que imagina que será o livro, ao mesmo tempo que detestava o escritor que se sente o "melhor do mundo", ou que é capaz de reduzir as suas crónicas a mero divertimento, sem qualquer qualidade literária. Tu dissestes que gostavas disso tudo... de ele não ser um escritor a "preto e branco". E não é mesmo...
Perguntei-te se não te irritava ele se afirmar como o "melhor escritor do mundo"... tu sorriste e abanaste a cabeça a dizer que não. E depois disseste que ele era um brincalhão, especialmente nas entrevistas.
(Fotografia de Luís Eme - Almada)
Eu gosto muito de Saramago, leio sem qualquer dificuldade, talvez por ser de planície.
ResponderEliminarQuanto a Lobo Antunes só consigo ler as crónicas mas acho-o um pouco snob!
Abraço
Eu gosto dos dois, Rosa. Mas Saramago merece-me mais respeito, por tudo. E também por ter começado a vida profissional como aprendiz de operário e ser o nosso único "Prémio Nobel" das literaturas...
EliminarGostei do Saramago do Memorial e do Ano da Morte de Ricardo Reis. Tem muita nuances...Já do Antunes só li A Morte de Carlos Gardel, não consegui passar das primeiras páginas de Boa Tarde Às Coisas Aqui em Baixo, intragável. O Nobel é uma miragem, apenas isso...
ResponderEliminarLi mais coisas de ambos, Albertino. Mas também desisti de ler Lobo Antunes...
EliminarA vida literária de Saramago é mais linear e nunca deixou de contar histórias nos seus livros.
São dois dos nossos melhores romancistas, Agnieszka.
ResponderEliminarSaramago, como deves saber, recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 1998.
Agora estou a ler A Caverna de Saramago!
ResponderEliminarAbraço
Tenho o "Levantado do Chão" para ler (com um atraso enorme), Rosa.
EliminarJOSÉ SARAMAGO-Não me levem a mal o exagero - o melhor escritor português depois de Camões. O MEMORIAL DO CONVENTO-À primeira incursão não consegui passar da pág. 50 mas, à segunda, uns meses depois, li-o de seguida (em duas noites) - a mais bela história de amor que li até hoje!
ResponderEliminarNão será um escritor fácil (por exemplo A História do cerco de Lisboa tenho-o em "espera"), mas, por exemplo, O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS é um livro fantástico, como são, LEVANTADO DO CHÃO, Terra do Pecado, O Homem Duplicado Todos os Nomes (livros fáceis estes três últimos), Ensaio sobre a cegueira...
E OS CADERNOS DE LANZAROTE (seis volumes) são imperdíveis.
ANTÓNIO LOBO ANTUNES-Curiosamente gostei muito dos seus três primeiros livros (Memória de elefante, Conhecimento do Inferno e Os cus de judas); agora só consigo ler os seus livros de crónicas (por acaso estou a ler o 3°. -crónicas absolutamente insípidas, para mim, claro).
Actualmente sou absolutamente incapaz de ler um romance do ALA, absolutamente intragável, não consigo ler mais do que 3/4 páginas.
Talvez daqui a cem anos venhaca ser um grande escritor.
Não te levo a mal o exagero, Severino.
EliminarMas Virgilio Ferreira, José Cardoso Pires, Aquilino, Camilo ou Eça, são excelentes...