Às vezes fico a pensar que a minha geração ficou na fronteira de um país que alimentava uma série de "coisas proibidas" (mas muito apetecidas...) e de outro, que se queria livre, também nos hábitos e costumes.
Para não ser muito "curto", meto na minha geração, "a malta que aprendia a ser gente" e tinha entre 8 e 15 anos quando se deu o Revolução de Abril.
Embora não esteja a escrever por experiência prática (tinha apenas onze anos em Abril de 1974...), penso que o chamado "amor livre" e a "emancipação feminina" foram acabando com uma boa parte dessas práticas, até aí normalizadas, que eram tidas quase como "acrescentos à masculinidade".
O mais curioso, é que estes retratos continuam a parecer-me mais ficção que realidade. Provavelmente por ter vivido até aos 18 anos numa pequena cidade de província...
O mais curioso, é que estes retratos continuam a parecer-me mais ficção que realidade. Provavelmente por ter vivido até aos 18 anos numa pequena cidade de província...
Talvez Lisboa, Porto, Braga e Coimbra, também fossem quase de outro "planeta", nesses tempos cheios de "moral e dos bons costumes".
Pois é, parece que quase todos os empresários de sucesso tinham uma "amante", capaz de parar o trânsito de qualquer rua e de fazer inveja aos amigos (bem comida, bebida e vestida, normalmente com casa posta...). Os "machos" do povo, por sua vez, piscavam o olho a todas as mulheres que lhe agradavam (casadas, solteiras, viúvas ou divorciadas...) e ofereciam-lhe "piropos" ordinários, desses que agora dão prisão... Era o tempo em que "mulheres sérias não tinham ouvidos"...
Claro que muitas mulheres também se vingavam deste "libreto machista", em surdina, e tinham os seus "casos", que não tinham de ser com o carteiro, o cobrador da luz e água, o merceeiro ou o homem do talho...
Era um mundo quase perfeito, com muita gente a esgotar a lotação das missas de domingo, protegida com a capa das "virtudes públicas e dos vícios privados"...
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)
O termo amante caiu em desuso, agora tem-se um caso ou uma namorada ou namorado!
ResponderEliminarAbraço
Pois é, Rosa. Mas este era um texto sobre "tempos antigos". :)
EliminarÉ gira, tal como Lisboa, Agnieszka. :)
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