terça-feira, julho 14, 2020

Escrever "Postais"(quase poéticos)...


Como já escrevi por aqui, pouco tenho escrito (o blogue é quase a "salvação" das palavras...) usando as palavras que se querem aproximar de literatura. Poesia ainda menos...

Mas hoje, por ter acordado cedo, o livro de um poeta piscou-me o olho ("Algumas Palavras" de Eduardo Guerra Carneiro...) e descobri nas suas páginas aproximações a este tempo, ao ponto de ter escrito "postais (é isto que lhe chamo) deste tempo". Nada menos que seis, de enfiada...

Vou deixar um "postal" por aqui:


Acordo com o grito feliz de duas crianças.
A pandemia trouxe-os para a minha rua,
para a casa larga da avó.

Ouvir crianças a sorrir e a gritar
é quase como ouvir os pássaros
a quebrarem o silêncio das manhãs.

Mas depois fiquei a pensar:
Como se explica este tempo maldito a uma criança?

Talvez não se explique. Vive-se apenas...


Pois é, ler ajuda muito a escrever...


(Fotografia de Luís Eme - Fonte da Pipa)

7 comentários:

  1. Depois de ter passado três meses e meio em Lisboa com eles foi a sua vez de virem para minha casa.
    São as únicas crianças por aqui perto.
    Não sei se há algum vizinho a escrever um "postal poético" sobre as suas brincadeiras e regadelas no quintal.

    Abraço

    Abraço

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    1. Pois, depende do vizinho, da rua, das crianças, Rosa. :)

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  2. Sammy, o paquete14/07/20, 20:31

    Alguma coisa poderemos agradecer às novas tecnologias, mas nunca poderemos esquecer que a sua utilização compulsiva isolou-nos uns dos outros.
    Um mundo de silêncio rodeou-nos, ou desse silêncio nos rodeámos.
    Sem palavras como poderemos combater a depressão?

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    1. Pois não, Sammy.

      O mundo já é diferente...

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    2. SAmmy, o paquete16/07/20, 12:33

      Josefa, a avó de José Saramago, disse-lhe: «O mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer»
      Os dias, hoje, estão tão difíceis, caro Luís.
      Sim, e bem diferentes!
      Cansa tanto assim viver, lembrando o Zé Gomes Ferreira
      Ainda Saramago: «A história das pessoas é feita de lágrimas, alguns risos, umas tantas pequenas alegrias e uma grande dor final.»

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  3. E em Portugal vive-se um clima de pânico, o medo sente-se a cada passo, é quase aterrador sair de cada.

    Mas ficar em casa pode ser ainda mais aterrador pois a nossa televisão (qualquer canal) é simplesmente diabólica; está a prestar um mau, diria mesmo péssimo, serviço ao país. Está a revelar-se uma autêntica caixa fúnebre, donde tudo o que sai é fumo negro.
    Alguém deveria fazer ver àquela gente das televisões este facto que tanto dano está a causar na vida das pessoas, principalmente das mais frágeis que ficam em casa e que, ainda por cima, são as mais atingidas.

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