sábado, dezembro 03, 2022

«Com ou sem amor, é sempre o coração que deixa de bater»


Há pessoas que mesmo sem ser extremamente cultas, habituam-se aos "jogos de palavras" e saem-se quase sempre com expressões que, no mínimo, nos fazem sorrir. 

Se não nos encontrarmos todos os dias, nem sequer ligamos ao abuso que é feito de "lugares comuns" e da "sabedoria popular".

O Abílio é assim. O Victor com alguma ironia dizia que ele era um "expressionista das palavras", porque nada lhe escapava. Lembrei-me do que ele dizia, sempre que oferecia um piropo à Rosa e ela lhe virava costas, com cara de quem tinha vontade de o mandar para aquele sítio: «Ela foge de mim como o diabo na cruz. A pequena gosta de mim e ainda não sabe.»

A risota era geral. Claro que tinha muitas saídas que faziam recordar a senhora de Caneças, quando disse o óbvio, "para morrer só é preciso estar vivo». 

Numa das conversas em grupo sobre as telenovelas de "partir o coração", cheias de "romeus e julietas", ele saiu-se com mais uma das suas "verdades, verdadinhas", que nos colocaram todos a olhar uns para os outros, antes de soltarmos uma gargalhada, que só não foi geral, porque ele se manteve impávido e sereno.

Mas quem é que era capaz de duvidar que: «Com ou sem amor, é sempre o coração que deixa de bater, quando vamos embora.»

(Fotografia de Luís Eme - Fonte da Pipa)


2 comentários:

  1. : )) Gosto desse tipo de pessoas!

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    1. Também gosto, mas de longe a longe, Catarina. :)

      (repetem-se muito)

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